Twitter saudável terá mais pessoas no longo prazo, diz vice-presidente

Colin Crowell diz que será difícil para partidos no Brasil patrocinarem conteúdo no microblog

Paula Soprana
São Paulo

No fim de julho, as ações do Twitter despencaram 21% após o anúncio de que a empresa perdeu 1 milhão de usuários mensais ativos no último trimestre.

O microblog atribui parte da queda de usuários ao seu trabalho de suspensão e exclusão de contas falsas. A empresa, porém, teve o terceiro trimestre consecutivo de lucro, após anos de prejuízos.

Colin Crowell, vice-presidente de políticas públicas, afirma que há progresso na identificação de conteúdo malicioso por meio de inteligência artificial.

No Brasil, reitera que o Twitter trabalha para as eleições e que será difícil para os partidos patrocinarem conteúdo no microblog.

Colin Crowell, vice-presidente de políticas públicas do Twitter - Folhapress

 

O Twitter perdeu 1 milhão de usuários. Qual a estratégia para engajar o público e trazer novos usuários?

A diminuição de 1 milhão de usuários ativos mensais no trimestre reflete nossa decisão de priorizar a integridade de longo prazo da plataforma em relação às métricas de curto prazo.

Queremos que as pessoas se sintam seguras e se expressem livremente.

Acreditamos que um Twitter mais saudável atrairá mais pessoas no longo prazo. Se compararmos com o mesmo período do ano anterior, o número de usuários mensais ativos cresceu 9 milhões.

Será possível conciliar essa saúde com o crescimento financeiro?

Sim. Trabalhamos para que o futuro do Twitter seja de uma plataforma saudável, com conteúdo informativo, esportivo, político e cultural.

Como a empresa reage às acusações de que escondeu conteúdo político nos EUA?

O Twitter recebeu acusações de que teria feito o que as pessoas chamam de shadow banning [o ato de esconder deliberadamente conteúdos].

O que identificamos foram questões técnicas que não permitiam que algumas sugestões de nome na busca da plataforma aparecessem, mas, se o usuário completasse o nome, certamente encontraria o resultado.

Foram problemas técnicos que já consertamos. Não manipulamos o Twitter.

O número de contas automatizadas (bots) cresceu ou diminuiu?

No fim do ano passado, nossa tecnologia baseada em aprendizado de máquina questionou a veracidade de 6,4 milhões de contas por semana. Esse número subiu para 9,9 milhões de contas, ou seja, perfis potencialmente automatizados.

Em março, tínhamos 25 mil notificações de usuários que denunciavam contas automatizadas por dia. Esse número caiu para 17 mil em maio, o que mostra que a tecnologia tem proporcionado um progresso significativo no combate ao spam e à desinformação.

Como isso foi possível?

Estamos usando aprendizado de máquina e algoritmos de inteligência artificial.

Nos últimos seis meses, 95% das contas removidas relativas a terrorismo foram identificadas por tecnologia e 75% dos perfis foram removidos antes mesmo de fazerem o primeiro tuíte.

Quais os esforços da empresa para as eleições no Brasil?

Contatamos autoridades eleitorais de forma pró-ativa, garantindo um canal aberto de comunicação. Também temos ações relativas a partidos políticos. Tentamos verificar todas as contas.

Trabalhamos diretamente com o Tribunal Superior Eleitoral. Os cidadãos poderão se comunicar via mensagem direta com o tribunal, uma prática pioneira.

É a primeira eleição com conteúdo patrocinado na web. Como garantir transparência?

Não poderemos acatar todas as regras a tempo das eleições no Brasil. Por isso, nossa política não permite anúncio publicitário político.

Se os partidos tentarem pagar por conteúdo eleitoral, temos muita confiança de que isso será rapidamente identificado e divulgado.

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