Descrição de chapéu Financial Times

Agência dos EUA vai investigar Facebook por discriminação contra mulheres

Queixa diz que rede social permite anúncios de emprego direcionados apenas em homens

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Aliya Ram
Londres | Financial Times

O Facebook foi acusado de discriminação contra as mulheres ao permitir que empregadores direcionassem anúncios de emprego apenas a candidatos homens, de acordo com uma queixa apresentada na terça-feira à Comissão de Igualdade no Emprego dos Estados Unidos.

A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), uma organização sem fins lucrativos que defende os direitos constitucionais nos Estados Unidos, o sindicato Communications Workers of America e o escritório de advocacia Outten & Golden afirmaram que milhões de mulheres tiveram oportunidades de emprego negadas devido a publicidade direcionada, na rede social. A Comissão de Igualdade no Emprego vai investigar a acusação e decidir se as entidades envolvidas têm direito a abrir um processo.

As organizações são as mais recentes a acusar o Facebook de discriminação por conta de suas práticas de direcionamento de publicidade. A empresa foi criticada no ano passado por permitir anúncios de casas que excluíam determinadas audiências pelo critério de raça. O Facebook recentemente limitou a capacidade dos anunciantes para excluir audiências com base em etnia ou religião.

Dado Ruvic/Reuters

A queixa apresentada contra o Facebook e dez empregadores afirma que a rede social violou leis federais, estaduais e municipais de direitos civis ao permitir que empresas selecionem o sexo e a idade das pessoas a quem determinados anúncios serão direcionados.

A queixa afirma também que a rede social pode ser considerada legalmente responsável, como recrutadora, por veicular anúncios que promovem exclusão por gênero e por idade, baseados nas  preferências dos empregadores.

"A publicidade de emprego segredada por sexo foi usada historicamente para excluir as mulheres de empregos bem pagos e de oportunidades econômicas", disse Galen Sherwin, advogada sênior do Projeto de Direitos da Mulher, na ACLU. "Não podemos permitir que o direcionamento por gênero da publicidade online dê vida nova a uma forma de discriminação que deveria ter sido erradicada há muito tempo".

Um porta-voz do Facebook disse que as normas da empresa proibiam discriminação: "Estamos revisando a queixa e aguardamos a oportunidade de defender nossas práticas".

O Facebook tenta se apresentar como um ambiente familiar, e a vice-presidente de operações da empresa, Sheryl Sandberg, identifica o avanço profissional das mulheres como uma questão que a interessa pessoalmente, por meio da Leanin.org, uma ONG criada por ela para ajudar mulheres em suas carreiras.

Mas a companhia passou a sofrer escrutínio quanto à sua cultura depois que a cientista de dados Eliza Khuner, que trabalhou no Facebook, escreveu um artigo de opinião no qual criticava as políticas da empresa para com os funcionários que têm filhos. Em artigo publicado pela revista Wired este mês, Khuner disse que se viu forçada a pedir demissão porque a empresa não permitiu que ela trabalhasse em casa parte do tempo.

A queixa apresentada na terça-feira descreve a crescente influência do Facebook sobre o recrutamento de pessoal nos Estados Unidos e critica as categorias de direcionamento de anúncios da empresa por promoverem estereótipos. A queixa aponta que "mães que trabalham fora" são uma categoria que anunciantes podem selecionar, mas "pais que trabalham fora" não são.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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