Aston Martin se prepara para abrir capital e espera superar a Ferrari

Segundo a fabricante de de carros esportivos de luxo, a empresa valeria US$ 6,7 bilhões

Bloomberg

A Aston Martin espera conseguir uma avaliação superior à de sua única rival de capital aberto, a Ferrari. E quanto aos analistas? Eles não têm muita certeza disso.

A fabricante dos carros esportivos de luxo famosos pelos filmes de James Bond apresentou nesta quinta-feira (20) os detalhes de um IPO a ser realizado em Londres que avaliaria a empresa britânica em até 5,07 bilhões de libras (R$ 27,5 bilhões). Desta forma, ultrapassaria os múltiplos da Ferrari, que lucra mais e produz grande quantidade de receitas.

A avaliação é “um grande voto de confiança”, disse o CEO Andy Palmer, em entrevista, observando que a empresa valia menos de um décimo da cifra atual no início de sua recuperação. “O mais importante é que percorremos apenas metade do caminho. Renovamos o portfólio existente e temos muito pela frente.”

O primeiro SUV da marca sairá em 2020, dando à empresa acesso ao mercado chinês e uma vantagem sobre a Ferrari, que nesta semana adiou o SUV Purosangue para 2022, disse Palmer. Muitas fabricantes de carros de luxo estão apostando em SUVs para capturar margens de lucro elevadas que financiarão iniciativas como a eletrificação.

Com base nos lucros do primeiro semestre, a Aston Martin pode ser avaliada em mais de 24 vezes o Ebitda ajustado, um cálculo que não leva em consideração a dívida da Aston Martin e os investimentos em pesquisa e desenvolvimento —o que elevaria o múltiplo. A Ferrari é negociada em cerca de 20,5 vezes o Ebitda ajustado esperado para 2018, segundo dados da Bloomberg —número mais próximo do apresentado pelas empresas de produtos de luxo do que pelas fabricantes de carros.

Os analistas, porém, duvidam que a Aston Martin consiga uma avaliação similar à da Ferrari.

“Adoramos a marca. Respeitamos a equipe de gestão. Mas simplesmente não conseguimos enxergar um múltiplo similar ao da Ferrari como algo realista”, disse Max Warburton, analista da Sanford C. Bernstein, em nota técnica. “Eles estão vendendo um negócio que é deficitário, segundo os princípios contábeis americanos geralmente aceitos, com um histórico de rentabilidade ruim e um balanço frágil, que vende carros a preços muito mais baixos para um público muito menos fiel.”

A fabricante de carros britânica informou em comunicado que venderá uma participação de 25% a um preço de 17,50 libras a 22,50 libras (R$ 94,95 a R$ 122,08) por ação. A negociação começará na Bolsa de Valores de Londres após a precificação, em 3 de outubro, com negociação incondicional a partir de 8 de outubro.

Muito disso dependerá da capacidade da Aston Martin de atingir suas ambiciosas metas de médio prazo, segundo Arndt Ellinghorst, analista da Evercore ISI. Ele estima que, no ponto médio da faixa, o valor corporativo buscado pela Aston Martin é de cerca de 11 vezes o Ebitda 2020. Os recém-lançados DB11 e Vantage foram bem recebidos e podem ajudar a impulsionar um crescimento significativo das vendas.

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