Bayer vê queda do Real inflar custos da indústria no Brasil

Mesmo com aumento no plantio, vendas estão em patamares semelhantes ao das últimas temporadas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Fabiana Batista
São Paulo | Bloomberg

A Bayer, gigante dos produtos químicos agrícolas, enfrenta um desafio de margem no Brasil, já que a desvalorização do real provoca um aumento nos custos que é difícil repassar aos clientes.

A empresa não consegue repassar o aumento de custos na mesma velocidade em que o real caiu, disse Mauro Alberton, diretor de marketing estratégico da unidade brasileira em uma entrevista em São Paulo.

A moeda brasileira se desvalorizou mais de 20% em relação ao dólar neste ano. A Bayer espera poder compensar parte do aumento de custos com repasse de preços assim que a moeda começar a se estabilizar, disse ele.

As vendas da empresa para o ano-safra 2018-2019 no Brasil estão em patamares semelhantes ao mesmo período das últimas temporadas, embora os agricultores devam aumentar o plantio, especialmente de soja e algodão. Alguns produtores podem estar adiando as compras na esperança de que uma recuperação do real possa reduzir o preço dos insumos agrícolas, disse ele.

As ações da companhia caíram cerca de 23% neste ano em Frankfurt.

Logo da Bayer em prédio de Berlin, na Alemanha - AFP

Problemas no Brasil

As empresas agrícolas vêm sofrendo com os vários anos de queda nos preços das safras, mas a situação tem sido particularmente difícil no Brasil. Uma recessão profunda no país apertou as condições de crédito, e uma seca severa em 2016 também reduziu a colheita de milho. Isso diminuiu a renda dos produtores e deixou-os mais cautelosos na hora de comprar insumos para plantio com antecedência.

Neste ano, o governo do Brasil elevou os custos do frete rodoviário, o que aumentou também a incerteza dos agricultores em relação à lucratividade das safras.

Ainda assim, a Bayer projeta que a demanda do Brasil por produtos químicos agrícolas continuará aumentando, disse Alberton.

"Ainda vemos fundamentos positivos para o uso de tecnologias pelos agricultores no Brasil neste ano", disse ele. "A maior parte do mercado ainda está para acontecer."

Parte do aumento esperado na demanda é atribuído às vendas de um novo fungicida lançado no Brasil neste ano. O produto, chamado Fox Xpro, estará disponível para os produtores de algodão para controlar ramulária, a doença fúngica mais prejudicial para a fibra. O fungicida também é aplicado a outras culturas, como grãos e cereais.

A Bayer provavelmente começará a vender o fungicida para uso comercial na soja no próximo ano, disse Alberton.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.