Descrição de chapéu MPME

Boca a boca é chave para o sucesso no mercado de vídeo de casamento

Moda no segmento hoje é fazer filmagens curtas, usando várias câmeras e drones

Valdir Ribeiro Jr.
São Pauilo

No Brasil são celebrados, por ano, 1,1 milhão de casamentos. Parece um mercado sem fim para os vídeos das cerimônias. 

Esse setor, porém, que vive do boca a boca, demora a perder a resistência com os iniciantes, dizem cinegrafistas do ramo. No começo, uma produtora pode encontrar como obstáculo o fato de não ser conhecida por fornecedores.

Segundo Gabriel Fernandes, cinegrafista que abriu há três anos a Eternal Filmes, uma empresa de pequeno porte especializada em vídeos de casamentos, para cada evento filmado surgem três ou quatro novos clientes, indicados pelos noivos.

Gabriel Fernandes e Thais Fernandes, da Eternal Filmes, durante os preparativos de um casamento, em SP
Gabriel Fernandes e Thais Fernandes, da Eternal Filmes, durante os preparativos de um casamento, em SP - Keiny Andrade/Folhapress

“Hoje, é importante investir em redes sociais, manter um perfil no Instagram e um bom site, mas o boca a boca ainda é o meio mais importante de divulgação”, afirma. 

Sua empresa faz filmes de 40 minutos, personalizados de acordo com a história do casal —os preços variam de R$ 3.000 a R$ 7.800. 

Para fazer um vídeo único, Fernandes conta que envia questionários aos noivos, com perguntas sobre como se conheceram, o que fazem nas horas vagas e quais são suas músicas favoritas. 

“Até peço para segui-los nas redes sociais, porque tudo isso influencia a maneira como o trabalho será produzido”, diz.

A moda no segmento hoje é fazer vídeos mais curtos, com linguagem e produção de cinema, com várias câmeras, drones e edição dinâmica. 

“Hoje, o vídeo passou a ser chamado de filme e conta uma história na qual os protagonistas são os noivos”, afirma Nádia Moretti, que é porta-voz da Abrafesta (Associação Brasileira de Eventos) e sócia da empresa Foto Azul.

Na Eternal Filmes, a decoração também tem destaque na filmagem. “A decoração, os doces, o vestido. Tudo foi escolhido com carinho e é um investimento grande. Nosso trabalho é refletir no filme esses valores”, afirma Fernandes.

Ele conta que, antes de abrir o próprio negócio, trabalhou como freelancer para outras produtoras, até conseguir os primeiros trabalhos. “Fui atendendo clientes aos poucos e, quando notei que existia um número bom de pedidos, percebi que poderia ter minha própria empresa”, diz.

Quando começou a administrar sua própria empresa, Fernandes conta que sua principal dificuldade foi a parte administrativa, principalmente o fluxo de caixa. Para isso, teve a ajuda da sua mulher, Thais Fernandes, que é formada em contabilidade e, hoje, toca o negócio com ele. 

“Como não temos uma renda fixa mensal, é preciso ter tudo planejado, inclusive com uma reserva para imprevistos”, afirma. 

Thais, que aprendeu a filmar e também faz a captação das imagens nas cerimônias, explica que, como a empresa é composta apenas pelos dois, eles têm capacidade para fazer, no máximo, 30 casamentos por ano. 

“Esse número nos permite realizar o atendimento personalizado com todos e ter um bom fluxo de caixa, com lucro para investir em novos equipamentos”, explica.

O investimento em equipamentos é um dos principais gastos nesse setor. Nos três anos da Eternal Filmes, o casal já investiu R$ 50 mil. 

Em produtoras de maior porte, segundo Nádia Moretti, da Abrafesta, esse valor pode ficar entre R$ 80 mil e R$ 120 mil, com expectativa de retorno em até dois anos. 

A Ateliê Filmes, produtora criada pelos amigos William Gomide e Wagner Zaniratt, começou quase por acaso. Em 2011, os dois filmaram o casamento de uma amiga e, ao perceberem a qualidade do material que produziram, decidiram abrir uma produtora. 

No mesmo ano, fizeram 35 casamentos. Hoje, a Ateliê Filmes conta com uma equipe fixa de quatro editores e seis cinegrafistas e realiza até 65 casamentos por ano.

“Sempre temos pelo menos três câmeras no evento: uma para filmar a preparação da noiva, outra para o noivo e outra para a montagem do espaço. Também usamos drones e fazemos a captação de, no mínimo, três pontos de áudio. Assim conseguimos fazer a cobertura completa e temos o registro de tudo para a produção final”, diz Zaniratt.

De acordo com o empreendedor, todo ano a Ateliê Filmes apresenta crescimento médio de 15%. Em 2017 a empresa fechou com faturamento em torno de R$ 800 mil. “E já estamos com 60% da agenda do ano que vem fechada.”
 

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