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Financial Times

Capacidade de emitir moeda ajudou os EUA a sair da crise

Autor analisa com clareza fatores que levam a recessões e como enfrentá-las

John Authers
Londres | Financial Times

A Template For Understanding Big Debt Crises

  • Preço gratuito em principles.com
  • Autor Ray Dalio
  • Editora Bridgewater

Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, maior administradora mundial de fundos de hedge (de alto risco), oferece uma garantia no começo de seu novo livro: se o leitor for até o fim, compreenderá as grandes crises de dívida de maneira muito diferente do que fazia antes.

Não estou certo de que ele cumpra a promessa. No 10º aniversário da quebra do banco Lehman Brothers, é difícil ver como algum autor poderia apontar para algum fator que não tenha sido mencionado. 

Mas ele expõe seu argumento central de maneira vigorosamente clara e, embora "A Template For Understanding Big Debt Crises" [um modelo para compreender grandes crises de dívida] possa não alterar a maneira pela qual o leitor compreende o acontecido, provavelmente aprofundará seus conhecimentos. 

Lidar com uma crise de dívida envolve primordialmente dividir a dor, Dalio demonstra. Se o custo da dívida for distribuído de maneira suficientemente ampla, é possível sobreviver à ela.

Em geral, se um país tem dívidas denominadas primariamente em sua moeda, é possível acatar os conselhos de Dalio. Se não, as coisas ficam muito mais difíceis. 

Os Estados Unidos sobreviveram à crise em melhor forma que outros países em boa parte porque desfrutam do "exorbitante privilégio" de emitir a moeda de reserva do planeta. 

Grécia, Chipre e outros países da periferia da zona do euro sofreram os maiores danos porque não tinham controle sobre sua moeda.

Passada uma década da quebra do Lehman, isso é terrivelmente relevante. A alta nas taxas de juros dos Estados Unidos, agora que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, está retirando as medidas de emergência adotadas durante a crise, levou a ondas de vendas de títulos e moedas de países emergentes --o que no passado prenunciava crises de dívida. 

E como uma avalanche de comentários deixou bem claro, a crença esmagadora é a de que a resposta à crise foi falha. O defeito crucial está na maneira pela qual os custos foram divididos. Mesmo que os Estados Unidos tenham em geral sofrido menos danos econômicos do que muita gente temia, a desigualdade no país é vista como cada vez maior.

A abordagem de Dalio, como acontece em sua gestão de carteiras de investimento, é sintetizar informações e converter uma questão ampla e multifacetada em um processo claro de causa e efeito. 

Dalio e sua equipe processaram números referentes a 48 crises de dívida históricas --da hiperinflação que varreu a Alemanha na República de Weimar ao Grande Crash de 1929, das crises asiáticas dos anos 90 à crise que abateu a Rússia quatro anos atrás. 

Os capítulos teóricos do livro, curtos e fáceis de entender, derivam modelos claros desses dados, para mostrar como uma crise de dívida surge e de que maneira ela é resolvida.

Crise após crise vê entrada de dinheiro para investimentos saudáveis, a formação de uma bolha e o avanço até um ponto no qual se torna impossível pagar boa parte da dívida.

Quanto à solução, ele é gloriosamente lacônico: "No fim, as autoridades econômicas sempre imprimem dinheiro". E indica por que isso tende a ser considerado o menos pior.

Segundo ele, "a austeridade causa mais dor que benefício, as grandes reestruturações de dívidas eliminam riqueza demais e transferências de riqueza daqueles que têm para aqueles que não têm só acontecem em dimensão suficiente caso haja uma revolução". 

Dalio divide as crises em depressões deflacionárias, como a da década de 1930 (o maior dos exemplos), e episódios inflacionários, como a experiência da Alemanha de Weimar. 

Quando o assunto é enfrentar essas crises, duas questões são críticas. O governo tem controle sobre a moeda na qual suas dívidas estão denominadas? E pode exercer controle sobre como os devedores e credores resolvem a crise?

Se a resposta for positiva, como nos Estados Unidos há 10 anos, então é possível resolver a crise sem dor excessiva. 

Se for negativa, como é usualmente o caso nas crises dos mercados emergentes, as consequências em termos de sofrimento humano serão maiores e mais difíceis de evitar.


Tradução de Paulo Migliacci
 

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