Com alta do dólar, gastos de brasileiros no exterior caem 20,8% em agosto

Investimento direto no Brasil dobra em relação ao ano passado

Maeli Prado
Brasília

Com a alta do dólar, os gastos de brasileiros com viagens no exterior somaram US$ 1,3 bilhão (R$ 5,29 bilhões) no mês passado, uma queda de 20,8% em relação a agosto de 2017. 

No acumulado do ano, essas despesas com viagens totalizam US$ 12,6 bilhões (R$ 51,2 bilhões), quase o mesmo patamar do ano passado (US$ 12,4 bilhões). 

Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (24), durante a divulgação das transações do Brasil com o exterior do mês de agosto.

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, lembrou que essa queda está diretamente relacionada ao fato de que, no mês passado, o dólar estava cotado a R$ 3,93, valorização de 24,8% em relação aos R$ 3,15 de cotação média do mesmo mês de 2017.

"Quando o brasileiro pretende viajar ao exterior, buscar comprar dólares e passagens. Com a valorização do dólar, as cotações do câmbio aumentam e a viagem fica mais cara. Em geral, a viagem é adiada ou a pessoa reduz os gastos pretendidos", afirmou Rocha.

Até o dia 20 deste mês, essas despesas de brasileiros com viagens a outros países soma US$ 796 milhões, mostrando continuidade do movimento de queda em relação ao ano passado.

Já os investimentos estrangeiros produtivos no Brasil, que nos últimos meses vinham caindo em relação ao ano passado, somaram US$ 10,6 bilhões (R$ 43,1 bilhões), o dobro dos US$ 5,1 bilhões (R$ 20,7 bilhões) de agosto de 2017.

"Se olharmos essas operações por setores, são quatro setores que responderam por 60% desses recursos: petróleo, celulose, extração de mineral metálico e produtos químicos", afirmou Rocha.

Neste mês, até o dia 20, o fluxo de investimento direto atingiu US$ 6 bilhões, e a estimativa do BC é que o mês se encerre com US$ 7 bilhões.

"A expectativa também é de recebimento de investimentos direto em volume significativo", avaliou Rocha.

"Ainda é cedo para dizer se será uma tendência para o ano. Temos um resultado muito bom para agosto, uma boa perspectiva para setembro, mas é melhor aguardar se de fato é essa a nova tendência".

Mesmo assim, no acumulado do ano o investimento direto no país soma US$ 44,3 bilhões (R$ 180, 3 bilhões), pouco abaixo do registrado entre janeiro e agosto de 2017 (US$ 45,4 bilhões).

TRANSAÇÕES COM O EXTERIOR 

Após quatro meses de resultado positivo, as transações do Brasil com o exterior como um todo tiveram rombo de US$ 717 milhões no mês passado, uma alta de 124% na comparação com agosto de 2017.

De acordo com Rocha, esse movimento está relacionado ao aumento das compras de outros países, que reduziu o resultado positivo da balança comercial.

O superavit comercial foi de US$ 3,3 bilhões (R$ 13,4 bilhões), abaixo dos US$ 5,3 bilhões (R$ 21,5 bilhões) registrados no mesmo período do ano passado por causa do crescimento das compras de outros países.

As importações somaram US$ 19,1 bilhões (R$ 77,7 bilhões) em agosto, bem acima dos US$ 14,1 bilhões (R$ 57,3 bilhões) do mesmo mês de 2017. Já as exportações somaram US$ 22,4 bilhões (R$ 91,1 bilhões), acima dos R$ 19,4 bilhões do mesmo período do ano passado.

No acumulado do ano, as transações com outros países estão deficitárias em US$ 8,9 bilhões, rombo superior aos US$ 3,1 bilhões (R$ 12,6 bilhões) do mesmo período do ano passado.

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