Conta de luz do brasileiro pode arcar com aumento de até R$ 88 bilhões em 2019

Custos com privatização da Eletrobras e obras de Angra 3 podem elevar preço da energia, diz associação

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São Paulo

A conta de luz do consumidor pode ter que arcar com um aumento de até R$ 88 bilhões no próximo ano, segundo cálculo da Abrace (associação que reúne grandes consumidores de energia, como indústrias). 

Esse valor vem de diversas fontes. Uma delas é a privatização da Eletrobras

O projeto de lei que hoje tramita no Senado Federal e que busca transferir débitos das distribuidoras da estatal à conta de luz pode impactar em ao menos R$ 5 bilhões.

Além disso, a estatal cobra do governo que a União arque com os custos das distribuidoras durante o período em que operam como designadas --uma extensão temporária das concessões enquanto as empresas não são vendidas. O valor somaria R$ 11 bilhões. 

Mãos seguram contas de luz
Projeto que tramita no Senado pode impactar em ao menos R$ 5 bilhões - Robson Ventura/Folhapress

"Somos favoráveis à privatização das distribuidoras, o que nos preocupa são os custos", afirma o presidente da associação, Edvaldo Santana, que já foi diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). 

Além disso, há gastos com as obras da usina nuclear de Angra 3, que está paralisada. Segundo a entidade, são R$ 15 bilhões já gastos e que podem ir para a conta de luz, além de outros R$ 17 bilhões que seriam necessários para concluir a obra. 

"Não faz sentido, por mais que energia nuclear seja oportuna nesse momento. O dinheiro precisa ser considerado como perda. Por que o consumidor sempre precisa pagar pelas perdas?", diz Santana. 

Entre as propostas que a entidade apresentou aos candidatos à presidência estão a redução em intervenções no setor elétrico e o corte de subsídios. 

Um dos principais subsídios criticados é aquele dado às fontes renováveis, cujo custo caiu fortemente no último ano, dando mais competitividade aos empreendimentos. “Não sei se ainda faz sentido [dar esse apoio]”, afirma.

“Mais da metade [dos gastos transferidos à conta de luz] pode ser reduzido sem grande esforço, só com um pouco de racionalidade. Mas, só se não deixar crescer, já é coisa para caramba."

Santana também chama a atenção à escalada de custos com o combustível utilizado por usinas térmicas em regiões isoladas, onde não há linhas de transmissão que possam mandar energia de outras fontes. 

Esse gasto é um dos principais impactos na conta de luz e mais do que dobrou desde 2011, diz ele. 

Hoje, o estado de Roraima é o único que não tem nenhuma ligação com o sistema elétrico do país e depende em grande parte de energia vinda da Venezuela. Nesta terça (4), a Aneel anunciou um forte aumento das transferências de recursos com esse gasto por conta da crise no país vizinho. 

A linha de transmissão que ligaria o estado ao sistema do país está travada por conta de problemas no licenciamento ambiental. 

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