Depois de encostar em R$ 4,20, dólar recua para R$ 4,1670

Ibovespa avança quase 1%, a 75.429 pontos

Tássia Kastner
São Paulo

Depois do pico de R$ 4,20 atingido na véspera, o dólar passou por correção e recuou nesta sexta-feira (14), com o mercado financeiro se pautando pelo desenrolar da disputa eleitoral no país. Fechou o dia a R$ 4,1670, baixa de 0,71%. 

Se na quinta o real esteve entre as moedas emergentes que mais perderam valor ante o dólar, nesta sexta, liderou os ganhos. Na semana, o resultado ainda foi negativo para a moeda brasileira, com alta de 1,51% no dólar.

O Ibovespa, o principal índice acionário do país, avançou 0,99%, a 75.429 pontos. Na semana, no entanto, o índice fechou em queda de 1,29%.

O dia foi guiado pela espera do resultado da pesquisa Datafolha, a primeira realizada após a confirmação de Fernando Haddad como candidato do PT e também depois da cirurgia de emergência a que foi submetido Jair Bolsonaro (PSL). 

A expectativa era de que a pesquisa mostraria um avanço de Haddad com a herança de votos do ex-presidente Lula, o que se confirmou com a pesquisa. 

Ainda no campo de notícias do petista, estava prevista a participação de Haddad no Jornal Nacional, assim como ocorreu com outros presidenciáveis anteriormente.

Além disso, o mercado debateu as consequências eleitorais do estado de saúde de Bolsonaro, que pode ter dificuldades de voltar para a campanha mesmo para a disputa de um eventual segundo turno. 

A fragilidade do candidato após a facada também é vista como um ponto que seria explorado pelo opositor em um segundo turno, em um cenário que vem remontando a morte repentina de Tancredo Neves durante o período da redemocratização do país.

"Bolsonaro parece ter votos para ir para o segundo turno sem fazer campanha, mas a dúvida é se vai conseguir fazer alguma coisa no segundo turno", diz Tony Volpon, economista-chefe do UBS. 

O economista acrescenta que mercado financeiro começa a dar sinais de que vai abandonar o tucano Geraldo Alckmin, até então considerado o mais comprometido com as reformas consideradas necessárias para a economia, mas que patina nas pesquisas eleitorais.

"O mercado, se perceber o vaivém dessa semana, está querendo se apaixonar pelo Bolsonaro. Caiu com o Datafolha [de terça-feira, com ascensão da esquerda], e melhorou com Ibope [que mostrou dados mais favoráveis ao deputado]", acrescenta.

"O mercado só enxerga Bolsonaro e Haddad. Essas preocupações são tão grandes que o Trump vira quase uma nota de rodapé nas conversas do mercado", diz Robert Awerianow, especialista em câmbio da Frente Corretora.

Nesta sexta, a agência de notícias Bloomberg afirmou que o presidente americano, Donald Trump, decidiu impor tarifas sobre US$ 200 bilhões (US$ 833,4 bilhões) em produtos importados da China, ameaça que vem fazendo há meses, mas que foi amenizada pela reabertura do diálogo entre os dois países. 

O temor de recrudescimento da guerra comercial foi um dos fatores que adicionou volatilidade aos mercados emergentes nos últimos meses, ao lado da alta de juros nos Estados Unidos.

A primeira reação à notícia foi negativa, com quedas nas principais Bolsas americanas e também no Brasil, mas os mercados se recompuseram e fecharam a sexta-feira no positivo. 

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