Dólar opera em queda e chega a ser negociado abaixo de R$ 4

Queda reflete fluxo de ingresso de recursos e leituras sobre cenário eleitoral

São Paulo

O dólar abandonou a trajetória inicial de alta e se firmou em queda no fim da manhã desta quinta-feira (27), chegando a menos de R$ 4.

Segundo operadores, o recuo reflete fluxo de ingresso de recursos de estrangeiros —sobretudo para aplicação na Bolsa— e desmonte de posições que apostavam na alta do dólar, conforme investidores ajustam expectativas para o cenário eleitoral doméstico.

Às 11h32, o dólar recuava 1,24%, a R$ 3,976, depois de fechar na véspera com baixa de 1,39%, a R$ 4,026, menor valor desde 21 de agosto. 

"Está tendo fluxo e uma reversão dos fundos, que estão voltando a comprar Brasil", avaliou o presidente da correspondente cambial Remessa Online, Fernando Pavani.

A equipe da consultoria de investimentos Lopes Filho disse, em nota a clientes, que o foco nesta sessão tende a ficar mais sobre dados econômicos.

O Relatório de Inflação do Banco Central, divulgado nesta quinta-feira (27), sinalizou que o grau de repasse da variação cambial para os preços na economia tende a ser atenuado pela ancoragem das expectativas de inflação, atividade econômica fraca e ociosidade das empresas.

"Tem dinheiro entrando no país e também uma expectativa mais amena em relação à eleição. O real já estava muito desvalorizado por causa da precificação que havia sido feita do cenário político", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

Nos últimos dias, muitos investidores têm desmontado posições compradas em dólar (que apostam na alta da moeda) em meio à percepção de que as eleições estão se encaminhando para um segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

"Parece que o mercado tem dado menos valor ao que apontam as pesquisas e abraça uma vitória de Bolsonaro, candidato que entende ter mais condições de aprovar reformas", diz Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest.

Ela lembra, no entanto, que o quadro apresentado por pesquisas recentes de intenção de voto é mais turvo. O último Datafolha, do dia 20 de setembro, por exemplo, aponta Haddad e Bolsonaro com 41% das intenções de votos cada em um eventual segundo turno.

O recuo do dólar no mercado doméstico também era influenciado pelo exterior, onde passou a cair sobre as demais divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa brasileira, avançava 1,49%, para 79.759,3 pontos, impulsionado pelo dia positivo nos mercados acionários globais e pelos papéis da Petrobras.

As ações preferenciais da estatal subiam mais de 4% após ela anunciar mais cedo que vai pagar R$ 3,4 bilhões para encerrar investigações sobre corrupção nos EUA. 

 Muitos analistas têm observado que a Bolsa brasileira está barata para o investidor estrangeiro. Em setembro até o dia 24, o saldo de estrangeiros na bolsa está positivo em R$ 1,2 bilhão.

Com Reuters

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