Dona da marca Cravo&Canela fecha fábrica no RS

De acordo com a empresa, outras quatro unidades continuarão funcionando

São Paulo

O grupo Priority, dono das marcas de calçados West Coast e Cravo&Canela, anunciou o fechamento da fábrica em Sobradinho, no Rio Grande do Sul.

Segundo nota da empresa, a "decisão foi tomada com base no atual ambiente de incertezas políticas e econômicas que afetam o desempenho do setor varejista". 

Com o fechamento da linha de produção, o grupo afirma que irá adequar sua produção à demanda do mercado.

Ainda de acordo com a nota do Priority, os outros quatro parques fabris, que ficam no Rio Grande do Sul e em Sergipe, continuam suas atividades. 

Ao todo, as fábricas que permanecem abertas empregam 800 pessoas, que abastecem 6.000 pontos de vendas das marcas.

De maneira geral, o setor calçadista tem sofrido com efeitos da crise econômica. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), as exportações de sapatos registraram em agosto quedas de 7,3% em volume e de 9,2% em receita no comparativo com o mesmo mês do ano passado. Foi a quarta diminuição consecutiva.
 

Bota vermelha envernizada, com sola de borracha, e cadarços pretos. Não tem salto
Coturno vermelho da marca Cravo&Canela, que anunciou fechamento de fábrica no RS, nesta terça (11) - Divulgação

ROUPAS

Os efeitos dos problemas econômicos também são sentidos por todo o setor têxtil. 

De acordo com o levantamento mais recente do Sindivestuário (Sindicato das Indústrias do Vestuário) com 550 confecções, as lojas vazias durante Copa, somadas às paralisações dos caminhoneiros e às atuais incertezas eleitorais criaram um clima instável e de preocupação.

No primeiro semestre do ano, a produção de vestuário caiu 3,8% e o varejo 3,5%. No têxtil a queda foi de 1%. Enquanto foram gerados cerca de 4 mil empregos nesse período, nos últimos 12 meses a eliminação dos postos de trabalho foi três vezes maior: 13.900. Ou seja, um déficit de 10 mil postos em todo o país. Só em São Paulo houve uma queda de 4 mil postos.

Em 12 meses, segundo dados da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), cerca de 14 mil postos de trabalhos foram eliminados.

Para o Presidente do Sindivestuário, Ronald Masijah, não adianta ficar procurando o culpado, entre greve, Copa ou eleições. É preciso tentar recuperar o prejuízo ou parte dele no segundo semestre. 

“O empresário brasileiro é extremamente criativo e o trabalhador muito resistente. Mas não somos mágicos. Esse segundo semestre será muito difícil novamente", afirma o dirigente sindical.

Com essa situação, a expectativa de produção de 9 bilhões de peças para 2018 cai para 6 bilhões, o que pode causar mais problemas em termos de cortes de pessoal e fechamento de confecções.

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