Eleição retarda investimentos, mas histórico de respeito a contratos tranquiliza, diz Brookfield

Henrique Martins disse que há grande interesse estrangeiro para investimentos no país

Nicola Pamplona
Rio de Janeiro

Presidente das operações brasileiras do fundo de investimento canadense Brookfield, Henrique Martins disse que, embora o processo eleitoral retarde a decisão de investimentos, o histórico de respeito aos contratos no Brasil tranquiliza investidores. Com 120 anos de atuação no país, o fundo tem investimentos em energia, infraestrutura, saneamento e mercado imobiliário.

"A gente não conhece no Brasil nenhuma quebra de contrato e isso traz segurança", afirmou. Ele reconhece, porém, que as volatilidades do cenário eleitoral afetam decisão de investimentos.

"Normalmente, tem retração até o investidor poder entender em que cenário vai atuar", completou.

O executivo não quis comentar propostas dos candidatos à Presidência da República, mas disse que há grande interesse estrangeiro para investimentos no país. "Se houver condições regulatórias, com contratos atrativos, vamos continuar investindo", disse ele.

Em 2017, a Brookfield estreou nos setores de saneamento, com a compra de unidade da Odebrecht, e gás natural, com a aquisição da malha de gás natural da Petrobras na região sudeste.

Martins disse que o grupo tem interesse em expandir a malha de gás, mas depende da atualização de regras do setor para permitir a entrada de novas empresas no mercado. 

"O próximo passo do nosso investimento é a expansão. Tem um mercado com potencial enorme pela frente e nossa ideia é exatamente continuar com os investimentos", afirmou ele.

A operação, de US$ 5,2 bilhões, foi concluída em 2017 e consistiu na compra de 90% na NTS (Nova Transportadora do Sudeste), empresa criada para gerir os ativos - a Petrobras permaneceu com os 10% restantes. 

"Mas a grande discussão hoje é a Lei do Gás, que tem restrições que inviabilizam os investimentos", ressaltou, fazendo coro com o setor por mudanças no margo regulatório para esse segmento.

A legislação atual é de 2009 e, segundo Martins, foi elaborada para um mercado com escassez de gás. Com o crescimento da produção global e as perspectivas de oferta de gás do pré-sal, o setor pede atualizações que permitam a atuação de um número maior de empresas. 

O governo Michel Temer chegou a apresentar uma proposta ao Congresso, mas é consenso no setor que o tema ficará para o próximo governo - que terá ainda outras preocupações, como reformas da Previdência e Tributária, no início do mandato.

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) anunciou na semana passada consulta pública para discutir regras de acesso de terceiros à malha de gasodutos, com o objetivo de tentar abrir a empresas privadas espaço hoje ocupado pela Petrobras.

O presidente da Brookfield defendeu, porém, que mudanças neste sentido devem respeitar períodos de transição e os contratos existentes. Hoje, a única cliente da malha de dutos da NTS é a própria Petrobras.

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