Presidente das operações brasileiras do fundo de investimento canadense Brookfield, Henrique Martins disse que, embora o processo eleitoral retarde a decisão de investimentos, o histórico de respeito aos contratos no Brasil tranquiliza investidores. Com 120 anos de atuação no país, o fundo tem investimentos em energia, infraestrutura, saneamento e mercado imobiliário.
"A gente não conhece no Brasil nenhuma quebra de contrato e isso traz segurança", afirmou. Ele reconhece, porém, que as volatilidades do cenário eleitoral afetam decisão de investimentos.
"Normalmente, tem retração até o investidor poder entender em que cenário vai atuar", completou.
O executivo não quis comentar propostas dos candidatos à Presidência da República, mas disse que há grande interesse estrangeiro para investimentos no país. "Se houver condições regulatórias, com contratos atrativos, vamos continuar investindo", disse ele.
Em 2017, a Brookfield estreou nos setores de saneamento, com a compra de unidade da Odebrecht, e gás natural, com a aquisição da malha de gás natural da Petrobras na região sudeste.
Martins disse que o grupo tem interesse em expandir a malha de gás, mas depende da atualização de regras do setor para permitir a entrada de novas empresas no mercado.
"O próximo passo do nosso investimento é a expansão. Tem um mercado com potencial enorme pela frente e nossa ideia é exatamente continuar com os investimentos", afirmou ele.
A operação, de US$ 5,2 bilhões, foi concluída em 2017 e consistiu na compra de 90% na NTS (Nova Transportadora do Sudeste), empresa criada para gerir os ativos - a Petrobras permaneceu com os 10% restantes.
"Mas a grande discussão hoje é a Lei do Gás, que tem restrições que inviabilizam os investimentos", ressaltou, fazendo coro com o setor por mudanças no margo regulatório para esse segmento.
A legislação atual é de 2009 e, segundo Martins, foi elaborada para um mercado com escassez de gás. Com o crescimento da produção global e as perspectivas de oferta de gás do pré-sal, o setor pede atualizações que permitam a atuação de um número maior de empresas.
O governo Michel Temer chegou a apresentar uma proposta ao Congresso, mas é consenso no setor que o tema ficará para o próximo governo - que terá ainda outras preocupações, como reformas da Previdência e Tributária, no início do mandato.
A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) anunciou na semana passada consulta pública para discutir regras de acesso de terceiros à malha de gasodutos, com o objetivo de tentar abrir a empresas privadas espaço hoje ocupado pela Petrobras.
O presidente da Brookfield defendeu, porém, que mudanças neste sentido devem respeitar períodos de transição e os contratos existentes. Hoje, a única cliente da malha de dutos da NTS é a própria Petrobras.
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