Gestor brasileiro é preso nos EUA acusado de fraude de US$ 750 mil

Procurador acusa Marcos Elias de montar esquema que envolvia uma empresa de fachada no Panamá

Danielle Brant
Nova York

A Procuradoria de Nova York e o FBI (polícia federal americana) anunciaram na terça-feira (4) a extradição para os Estados Unidos de Marcos Elias, 47, sócio da empresa de análise Modena Capital.

Elias –um dos fundadores, em 2010, da consultoria de investimentos Empiricus, onde ficou até 2012– estava preso na Suíça desde junho. Ele teria participado de um esquema fraudulento que desviou mais de US$ 750 mil de um banco de Manhattan usando documentos falsos e identidades roubadas de correntistas da instituição.

A extradição ocorreu em 28 de agosto, segundo a justiça americana.

Bandeiras dos EUA em sede do FBI
Procuradoria de Nova York e o FBI anunciaram a extradição para os Estados Unidos de Marcos Elias - AFP

O procurador Geoffrey S. Berman acusa Elias de montar um esquema de fraude “sofisticado” que envolvia uma empresa de fachada no Panamá e uma conta bancária em Luxemburgo. 

“Ao fingir ser um funcionário do dono da conta, o suspeito supostamente roubou centenas de milhares de dólares que não pertenciam a ele”, afirmou, em comunicado, o diretor assistente do FBI, William F. Sweeney Jr.

Ele é acusado de conspiração para cometer fraude em transferência, que tem sentença máxima de 30 anos, e de fraude em transferência, também com pena máxima de 30 anos. Pesa ainda uma acusação de receptação de propriedade roubada, e duas acusações de roubo de identidade com agravantes.

Os documentos relacionados ao processo na justiça americana dizem que, desde pelo menos 2012, uma empresa brasileira detinha uma conta em uma instituição financeira sediada em Manhattan. A empresa seria o grupo varejista Zaffari, e a conta pertenceria a um dos integrantes da família Zaffari.

Procurados, o advogado de Elias e a Modena ainda não se manifestaram.

O Grupo Zaffari esclarece que possuía uma conta em uma instituição financeira nos EUA, para suas atividades de importação e exportação. Em 2014, ao perceber que a conta havia sido violada, o grupo notificou imediatamente a instituição financeira envolvida e passou a colaborar com as investigações das autoridades daquele país. O Zaffari já foi restituído do valor lá depositado.

A Empiricus reforça que Elias deixou a companhia em 2012, "anos antes dos acontecimentos relatados". "Desde sua saída, nenhum sócio ou colaborador da Empiricus manteve qualquer tipo de contato com ele", afirma.

A partir de junho de 2014, Elias começou a se corresponder com um vice-presidente do banco sobre uma conta bancária no nome da empresa brasileira.

O funcionário da instituição americana, então, passou a receber emails supostamente de um empregado da companhia e que o instruíam a transferir dinheiro a uma conta bancária de Luxemburgo, que parecia estar no nome dessa companhia brasileira.

Mais tarde, os investigadores descobriram que os emails foram enviados de um endereço criado no mesmo dia e que nunca havia sido usado pelo empregado da empresa brasileira. Esse email continha instruções falsas com uma assinatura forjada.

Por causa dos documentos falsos, em julho de 2014 o banco transferiu US$ 752 mil da conta da empresa para a conta bancária em Luxemburgo, acreditando se tratar de um pedido legítimo do cliente.

Mas a transferência, na verdade, não tinha sido autorizada pela empresa brasileira, que também não tinha conta bancária ou de outro tipo em Luxemburgo e não havia enviado os emails com os supostos pedidos.
O beneficiário da conta em Luxemburgo, os investigadores descobriram, era o próprio Elias. A conta havia sido aberta em nome de uma empresa no Panamá na semana anterior à transferência fraudulenta.

A conta em Luxemburgo era mantida no nome da empresa brasileira para criar a falsa impressão de que o dinheiro dessa companhia estava sendo transferida para outra conta que pertencia e ela, quando, na verdade, o beneficiário era o sócio da Modena.

A Procuradoria também acusa Elias de tentar obter dinheiro de uma segunda instituição financeira em Manhattan usando o dinheiro e suposto passaporte do dono da conta bancária sem a autorização dele.

Elias ajudou a fundar a consultoria de investimentos Empiricus em 2010. Três anos depois, o grupo americano Agora comprou metade da empresa por um valor não revelado. 
 

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