Descrição de chapéu Programas Econômicos

Geração de bons empregos depende da criação de vagas ruins, diz economista de Meirelles

José Márcio Camargo criticou concentração bancária e defendeu desoneração da folha

Flavia Lima
São Paulo

As travas para a criação de vagas de trabalho informais ou em tempo parcial acabam gerando menos empregos bons no futuro, afirmou nesta terça-feira (11), José Márcio Camargo, assessor econômico do candidato Henrique Meirelles (MDB).

Para ele, num ambiente de recuperação econômica, é natural que as vagas geradas primeiramente sejam de qualidade inferior.

Uma das principais promessas de Meirelles é criar 10 milhões de empregos em quatro anos e, segundo o seu assessor econômico, esse volume não virá necessariamente do mercado formal.

A geração de bons empregos depende da criação de vagas ruins”, disse. “O que é melhor do ponto de vista do bem-estar, não ter emprego nenhum ou trabalhar quatro horas por dia?”, afirmou Camargo em evento “Os Economistas das Eleições”, organizado pelo Estado de S. Paulo e pela FGV (Fundação Getulio Vargas).

Ao falar sobre a questão fiscal, Camargo defendeu a permanência do teto e a eficiência do gasto público e disse que, caso Meirelles seja eleito, fará o possível para não aumentar a carga tributária.

Embora a desoneração da folha de pagamentos seja constantemente criticada por economistas de diferentes perfis, Camargo disse que ela foi dada no momento errado — de pleno emprego—, mas se justifica para alguns setores.

“Não estou falando que vamos manter a desoneração, mas há setores em que ela vale a pena ser mantida”, disse sem especificar quais.

Camargo criticou a proposta de renegociação de dívidas de pessoas físicas (algo defendido pelo próprio Meirelles), e o crédito direcionado, como o funding da poupança ou do FGTS para habitação.

“Defendo uma mudança do que tem hoje, mas não sei exatamente para onde”, disse.

Ao falar de privatização, listou a Eletrobrás, as áreas de refino, os gasodutos e oleodutos da Petrobras e os bancos públicos. Para ele, o setor bancário no Brasil é super concentrado e isso precisa ser contornado.

“Dividir o Banco do Brasil em dois ou três e vender para bancos diferentes para gerar um sistema mais competitivo? Pode ser, não sei.”

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