Governo alemão e montadoras não chegam a acordo sobre adaptação de veículos a diesel

Nova reunião deve ocorrer nesta semana para prosseguir negociação, diz ministro

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Frankfurt e Berlim | Reuters

Montadoras e representantes do governo alemão não conseguiram chegar a um acordo neste domingo sobre possíveis adaptações de hardware para veículos a diesel mais antigos, com o ministro de Transportes do país dizendo que as negociações devem prosseguir nesta próxima semana.

A reunião deste domingo ocorreu antes do término de um prazo no fim de setembro estabelecido pela chanceler alemã, Angela Merkel, para evitar a proibição de veículos mais antigos.

Diferenças de opinião entre conservadores e o Social Democrata sobre como lidar com o problema de carros a diesel com elevadas emissões de óxido de nitrogênio estremeceram a coalizão.

O Ministério de Meio Ambiente queria adaptações de hardware custando em torno de € 3 mil (R$ 14,3 mil) por veículo em vez de ajustes no software de gerenciamento de motores, vistos como menos efetivos.

 

O ministro de Transporte, Andreas Scheuer, é a favor de incentivos para os motoristas de veículos a diesel mais antigos trocarem os automóveis por modelos mais novos para conter a poluição.

"Discussões com fabricantes alemãs ocorreram com mútua vontade para chegar a uma solução para o problema do diesel, bem como para a mobilidade dentro da cidade", afirmou Scheuer em comunicado após a reunião.

"Renovações da frota de veículos movidos a diesel é maior prioridade. Adaptações de hardware também foram discutidas", disse ele, sem fornecer detalhes sobre a natureza das conversas.

Scheuer ainda contou que haverá mais discussões na próxima semana no governo, bem como entre o Ministério de Transportes e as montadoras.

O encontro deste domingo também contou com a participação do presidente-executivo da Daimler, Dieter Zetsche.

"Queremos chegar a um resultado logo. Medidas e planos mais específicos devem ser elaborados até o fim da semana", afirmou Scheuer.


DIESELGATE

Montadoras admitem e são acusadas de fraudar sistema que mede a emissão de poluentes e a economia de combustível

ADMITIRAM AS FRAUDES

Volkswagen 

Em 2015, montadora admitiu ter manipulado os resultados de testes com veículos à diesel, fingindo que estes respeitavam os padrões americanos para a emissão de poluentes. Até agora, oito líderes e ex-funcionários foram acusados. Empresa já concordou em pagar mais de US$ 25 bilhões em ações por conta do escândalo.

Número de automóveis: 11 milhões, segundo a própria empresa

Modelos afetados:  Amarok, Golf Blue Motion,  Jetta TDI,  Passat TDI, Volkswagen Beetle, SUV Touareg 2014-2016

Outras marcas do grupo afetadas: Porsche (modelo Cayenne Diesel) e Audi (A1, A3, A4 e A6, o esportivo TT e os Q3 e Q5), que teve seu presidente preso

Mitsubishi 

Em abril de 2016, empresa admitiu que manipulava os testes de economia de combustível (gasolina) desde 1991.

Número de automóveis: 625 mil veículos

Modelos afetados: versões do Mitsubishi eK   

Nissan

Montadora admitiu no início de junho que mediu indevidamente as emissões de escapamento e a economia de combustível. É a segunda vez que a empresa se envolve no dieselgate, em 2017, a montadora admitiu que durante décadas, inspetores não certificados assinaram as verificações finais dos carros vendidos no Japão. Na época, a montadora suspendeu a produção doméstica.

Número de automóveis: 1,2 milhão em 2017  

Modelos afetados: Entre os carros envolvidos estão o compacto Note e o utilitário esportivo Juke

Suzuki

A montadora confirmou em 2016 que mediu os níveis de emissão e consumo dos veículos vendidos no Japão com um método não homologado, mas negou ter manipulado os resultados.

Número de automóveis: 2.100

Modelos afetados: 16 modelos vendidos exclusivamente no Japão

ACUSADAS DE FRAUDAR

Opel (ex-subsidiária da GM, hoje do grupo PSA)

A montadora é alvo de investigação na Alemanha sob suspeita de manipular motores a diesel para registrar emissões mais baixas em testes de poluição.

Número de automóveis: 60 mil

Modelos afetados: Cascada, Insignia e Zafira

GM

Nos Estados Unidos, a empresa enfrenta processo movido, em 2017,  por 705 mil donos de picapes supostamente equipadas com dispositivos ilegais a fim de burlar os testes de emissões. A empresa nega as acusações.

Modelos supostamente afetados: Chevrolet Silverado Duramax e GMC Sierra Duramax, todas a diesel

Fiat Chrysler

A montadora foi acusada pelas autoridades em 2017 dos EUA de ter manipulado motores de 104 mil veículos movidos a diesel para minimizar o nível real de emissão de poluentes, usando uma estratégia similar à da Volkswagen

Modelos afetados: Jeep Grand Cherokee e picapes Dodge Ram 1500

Mercedes-Benz

Em junho deste ano, o Ministério dos Transportes da Alemanha ordenou a retirada de 238 mil carros a diesel, por causa de software que mascara o volume de emissão de poluentes. A empresa confirmou o recall e se comprometeu a retirar o software.

Número de automóveis: 774 mil veículos na Europa

Modelos afetados: Van Vito, da Mercedes-Benz, Mercedes C-Class, e os utilitários (SUV) da linha GLC

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