Inflação foi pouco impactada pela alta do dólar, diz BC na ata do Copom

Autoridade monetária disse que medidas de controle se elevaram para manter trajetória de preços em linha com as metas

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Brasília | Reuters

O Banco Central avaliou que a alta do dólar tem tido pouco impacto na inflação, com exceção de alguns preços administrados, segundo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (25).

A autoridade monetária ressaltou, porém, que as medidas de controle da inflação se elevaram para níveis apropriados para manter a trajetória dos preços em linha com as metas, que para são de 4,5%, para 2018, e 4,25%, para 2019, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

O BC apontou que isso requer flexibilidade para ajustar gradualmente a condução da política monetária quando e se houver necessidade.

Fachada da sede do Banco Central do Brasil em Brasília
Fachada da sede do Banco Central do Brasil em Brasília - Futura Press/Folhapress

Na semana passada, na última reunião antes da eleição do próximo presidente do Brasil, o BC manteve a taxa básica de juros em 6,50% ao ano, seu menor nível histórico, mas apontou que pode subi-la adiante caso haja piora do quadro atual, conforme as incertezas ligadas às eleições vêm guiando uma escalada do dólar frente ao real.

"É possível que os ajustes de preços relativos ocorridos recentemente, em contexto com expectativas ancoradas, tenham contribuído para elevar a inflação para níveis compatíveis com as metas, sem constituir risco para a manutenção nesses níveis após concluídos os referidos ajustes", trouxe o BC na ata.

No documento, a autoridade monetária afirmou que seguirá acompanhando possível impacto mais perene de choques sobre a inflação.

Também voltou a dizer que não há relação mecânica entre os choques recentes e a política monetária, indicando que não reagirá com alta dos juros à valorização do dólar a não ser que haja impacto secundário na inflação.

Na semana passada, o BC já tinha indicado um ambiente menos favorável para a inflação, com riscos mais elevados, em referência à deterioração do cenário externo para emergentes e à possibilidade de frustração da continuidade de reformas econômicas no país.

Sobre a cena externa, o BC descreveu riscos associados principalmente à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas e incertezas referentes ao comércio global.

Olhando para o cenário doméstico, reforçou que os ajustes e reformas econômicas são fundamentais para a sustentabilidade da inflação baixa, para o funcionamento pleno da política monetária e para a redução da taxa de juros estrutural da economia. E disse que a percepção de continuidade dessa agenda afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes.

Os mercados vêm reagindo às incertezas da corrida presidencial, com temores de que o próximo ocupante do Palácio do Planalto não adote medidas para reequilibrar a situação fiscal do país.

As preocupações, somadas a desdobramentos na cena externa ligados à subida dos juros nos Estados Unidos, guerra comercial e problemas na Argentina e Turquia, fizeram o dólar saltar frente ao real, acumulando um avanço de mais de 20% no ano.

O fortalecimento da moeda norte-americana pode aumentar os preços de importados e acelerar a inflação, embora o desemprego elevado e a alta capacidade ociosa das empresas deva limitar esse repasse.

Na ata, o BC destacou que o elevado grau de ociosidade na economia ainda prescreve política monetária estimulativa. Também ponderou que a intensidade do repasse cambial depende desse fator e também da ancoragem das expectativas de inflação, sendo que continuará de olho em ambos.

Na pesquisa Focus mais recente, feita pelo BC junto a uma centena de economistas, as expectativas para a inflação subiram a 4,28% este ano e a 4,18% em 2019, tendo como pano de fundo projeções mais altas para o dólar.

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