Patricia Moraes, ex-JPMorgan, vai gerir fundo de Luiza Trajano

Fundo terá cerca de dois ou três funcionários e R$ 350 milhões inicialmente

São Paulo | Bloomberg

Patricia Moraes recebeu muitas ofertas de emprego após deixar o JPMorgan Chase & Co. em janeiro. Mas a única que ela disse ter feito “minhas mãos começarem a suar” veio das famílias bilionárias donas da Magazine Luiza.

Patricia disse sim quando a presidente do conselho da gigante do varejo, Luiza Helena Trajano, sugeriu que ela se tornasse uma das poucas mulheres no Brasil a liderar um fundo de private equity. Como sócia da nova empresa, que investirá os recursos dos acionistas controladores do Magazine Luiza, Patricia buscará participações minoritárias em empresas brasileiras de médio porte avaliadas em até R$ 1,5 bilhão (R$ 6,27 bilhões).

Patricia Moraes, ex-JPMorgan, vai gerir fundo de Luiza Trajano
Patricia Moraes vai gerir fundo de Luiza Trajano - Ze Carlos Barretta/Folhapress

Trajano e Fabricio Garcia, vice-presidente comercial e de operações do Magazine Luiza, representarão suas duas famílias no fundo e ajudarão Patricia a escolher os investimentos.

“Já temos nosso family office para administrar nosso dinheiro, mas queríamos diversificar, investir na economia real”, disse Trajano em entrevista em São Paulo.

Patricia conheceu Luiza Helena em 2009, quando o JPMorgan assessorou o Magazine Luiza em uma aquisição. A dupla tornou-se mais próxima na batalha pelos direitos das mulheres: Patricia esteve presente na primeira reunião da organização conhecida como Mulheres do Brasil.

Criado em 2013 por Luiza Helena Trajano com 40 mulheres executivas, o grupo conta hoje com mais de 19 mil associados e apoia a igualdade de renda e gênero, além de cotas para incentivar os avanços das mulheres no ambiente de trabalho. Patricia e Luiza Helena viajaram juntas para o Japão e outras nações como parte das iniciativas do grupo.

Patricia, que era a responsável pelo banco corporativo e de investimento do JPMorgan para o Brasil quando saiu, é uma das principais “ deals makers" do país. É também muito conhecida na comunidade financeira da América Latina. Ainda assim, ela é uma raridade no Brasil. Apenas cerca de 6% dos executivos de private equity no Brasil são mulheres, de acordo com estimativas da indústria. Patricia disse que se juntar a essas fileiras e trabalhar com as famílias Trajano e Garcia será "uma honra".

Ser verdadeiro

"Nós temos o mesmo tipo de valores", disse Patricia. “Nós valorizamos a autenticidade, a transparência e, acima de tudo, ser verdadeiro.”

Ao contrário do que acontece na maioria dos fundos de private equity, Patricia não terá prazos para fazer investimentos ou para desinvestir. O fundo, cujo nome ainda não foi decidido, buscará oportunidades em setores como produtos de consumo, varejo, tecnologia, educação e saúde. Evitará empresas em situação financeira mais frágil e startups.

O fundo terá cerca de dois ou três funcionários e R$ 350 milhões inicialmente, mas esse total pode crescer dependendo das oportunidades que surgirem, disse Patricia. Cada investimento será de aproximadamente R$ 150 milhões (R$ 627 milhões) a R$ 200 milhões (R$ 836 milhões).

Patricia disse que ser executiva de um banco de investimento na avenida Faria Lima, o coração do distrito financeiro de São Paulo, às vezes parece como viver em uma bolha. “Tenho muito o que aprender com Luiza, que está em contato profundo com a base e com muitos empreendedores de médio porte”, disse ela. "Temos habilidades complementares".

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