Setor público vê déficit primário subir 77,1% em agosto, para R$ 16,876 bi

Desempenho foi afetado pelo aumento de despesas e queda nas receitas da União

Brasília | Reuters

O setor público consolidado brasileiro registrou déficit primário de R$ 16,876 bilhões em agosto, alta de 77,1% sobre igual período do ano passado.

O desempenho foi afetado pela fraca performance da União, em meio ao recuo das receitas e aumento das despesas.

Em pesquisa da Reuters, contudo, a expectativa era de um déficit ainda maior no mês, de R$ 17,75 bilhões.

O rombo foi puxado pelo resultado do governo central (governo federal, BC e Previdência), que ficou negativo em R$ 20,851 bilhões.

Mais cedo nesta semana o Tesouro apontou que o dado, que veio pior que o esperado, foi afetado pela elevação de despesas, com execução de R$ 1,7 bilhão em financiamento da campanha eleitoral deste ano, além de queda das receitas no período, estas últimas impactadas por maior transferência de recursos a Estados e municípios.

Segundo o BC, os governos regionais tiveram superávit de R$ 3,383 bilhões em agosto, ao passo que as empresas estatais ficaram no azul em R$ 592 milhões.

No acumulado de janeiro a agosto, o setor público consolidado registrou déficit de R$ 34,7 bilhões, bem abaixo do patamar de R$ 60,85 bilhões em igual etapa de 2017. 

Em 12 meses, o déficit foi a R$ 84,433 bilhões, equivalente a 1,25% do PIB (Produto Interno Bruto) e bem distante do alvo fiscal estabelecido pelo governo.

Para o ano, a meta é de um rombo primário de R$ 161,3 bilhões, quinto resultado consecutivo no vermelho. 

Mas o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, já afirmou que o governo pode fechar 2018 com performance bem melhor, de um déficit de R$ 125 bilhões.

Em relação ao resultado nominal, que considera o pagamento de juros da dívida pública, houve um déficit de R$ 76,928 bilhões de reais em agosto —o pior para o mês na série histórica, fortemente afetado pela alta do dólar frente ao real, que fez o BC perder R$ 28,559 bilhões com swaps no período.

O BC lança mão do instrumento, que equivale à venda futura de dólares, para conter a alta do dólar em momentos de volatilidade.

Em agosto, a moeda norte-americana subiu 8,46%, afetada pelos desdobramentos na cena externa e pelas incertezas ligadas às eleições presidenciais, com os agentes questionando a capacidade e comprometimento do próximo ocupante do Palácio do Planalto com ajustes e reformas para reequilibrar as contas públicas.

Em função do dado negativo com swaps, a conta de juros também foi recorde para agosto, atingindo R$ 60,052 bilhões.

DÍVIDA

Em agosto, a dívida bruta foi a 77,3% do PIB, ligeiramente acima dos 77,2% em julho. Isso ocorreu apesar do pagamento antecipado no mês de R$ 70 bilhões pelo BNDES ao Tesouro, dentro de acordo para devolução de R$ 130 bilhões este ano, movimento que tem como consequência a redução da dívida.

Durante coletiva, o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, ponderou que a investida acabou ofuscada pelo resultado primário deficitário e pelo efeito do câmbio —a desvalorização, no caso da dívida bruta, impacta apenas os passivos, contribuindo para aumentar o estoque da dívida.

Já a dívida líquida recuou 1 ponto na mesma base de comparação, a 51,2% do PIB. Isso porque como o país tem reservas internacionais denominadas em dólares, os ativos crescem com a alta da divisa.

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