Acusada de ter provocado acidente ambiental, empresa suspende atividades

Hydro Alunorte suspende produção no Pará

Fabiano Maisonnave
Manaus

Após sete meses operando com a metade da capacidade por decisão judicial, a refinaria de alumina Hydro Alunorte anunciou nesta quarta-feira (3) que paralisará a produção.

O motivo, segundo a empresa, é a impossibilidade de usar uma das duas áreas de depósito de resíduos de bauxita. A única que está em operação teria chegado ao máximo da capacidade.

Além da refinaria, os trabalhos na mina de bauxita em Paragominas, no interior do Pará, também foram suspensos.

A Alunorte, que fica em Barcarena (PA), próxima a Belém, é a maior refinaria de alumina do mundo. Por causa do anúncio, as ações da Hydro despencaram 7,3% na bolsa de Oslo nesta quarta-feira

A Hydro Alunorte não informou se haverá demissões. Nos últimos meses, cerca de 1.000 dos seus 6.000 funcionários diretos e indiretos entraram em férias coletivas por causa da redução das atividades. 

Além disso, a Mineração Paragominas cortou 175 posições terceirizadas e suspendeu temporariamente 80 contratos de trabalho.

"Este é um dia triste, pois temos a tecnologia mais avançada do mundo para continuar com operações seguras, que estamos impedidos de utilizar. Isso afetará empregos, comunidades, fornecedores e clientes”, disse, em comunicado à imprensa, John Thuestad, vice-presidente de bauxita e alumina.

A empresa de capital norueguês foi acusada pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), de ser responsável pelo transbordamento de rejeitos durante as fortes chuvas que caíram em meados de fevereiro sobre a cidade de Barcarena.

Em inspeção no local, o Ibama não confirmou o transbordamento, mas embargou um dos depósitos de resíduos (DRS 2) e multou a Hydro em R$ 10 milhões por operá-lo sem licenciamento ambiental. O órgão ambiental federal aplicou outra multa de R$ 10 milhões por ter encontrado uma tubulação de drenagem também sem licença.

No final de fevereiro, a pedido da Semas (Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade), a Justiça determinou que a Hydro Alunorte reduzisse a sua operação em 50%, além de bloquear o uso do DRS 2.

Em 5 de setembro, a Hydro assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com os Ministérios Públicos Federal e Estadual e com o governo do Pará, mas a medida judicial não foi suspensa.

Com capacidade de mais de 6 milhões de toneladas por ano, a Alunorte –controlada em 92,1% pela Norsk Hydro– representa cerca de 10% da produção mundial, além da China.

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