A agência de classificação de risco S&P rebaixou nesta sexta-feira (26) o rating global de crédito da Odebrecht Engenharia e Construção, de CCC para CC, após a empresa adotar um período de carência de 30 dias relativo para pagar juros de uma dívida de US$ 550 milhões (R$ 2 bilhões), que deveriam ter sido pagos na véspera.
Além do corte da nota, a S&P colocou o rating em observação negativa, o que indica possibilidade de nova redução do rating.
"O rebaixamento indica nossa visão de uma maior probabilidade e incentivos para uma reestruturação da dívida no curto prazo ou um default de facto", afirmou a S&P. "Isso se deve à geração de caixa ainda fraca e à menor flexibilidade financeira do grupo Odebrecht."
A S&P calcula que a posição de caixa da empreiteira está em torno de US$ 400 milhões (R$ 1,46 bilhão) a US$ 500 milhões (R$ 1,82 bilhão), além de cerca de US$ 150 milhões (R$ 547 milhões) em Ebitda neste ano, o que seria bastante para cobrir a dívida de curto prazo e obrigações operacionais.
"Devido às condições de negócios ainda desafiadoras e ao consumo contínuo de caixa, acreditamos que existe maior risco de reestruturação da dívida a fim de casar toda a estrutura de capital com a geração de fluxo de caixa", conclui a agência.
Mais cedo nesta sexta-feira, outra classificadora de risco, a Fitch, havia cortado a nota da Odebrecht, de CC para C.
Em maio, o conglomerado Odebrecht, dono da construtora, recebeu um novo empréstimo de R$ 2,6 bilhões de bancos, para tentar se reerguer dos efeitos de um escândalo de corrupção. O aporte foi acertado no último dia de uma carência de 30 dias, após a Odebrecht ter perdido o prazo inicial para pagar uma dívida de R$ 500 milhões.
Parte dos recursos seriam usados para pagar bônus emitidos pela empreiteira.
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