Após sete anos, Anac emite certificação de novo avião cargueiro da Embraer

KC-390 é aposta da divisão de defesa e pode ser comercializado e operado em território nacional

Marcelo Toledo
Ribeirão Preto (SP)

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) emitiu a certificação do cargueiro KC-390, da Embraer, o que permite que o avião seja comercializado e operado em território nacional.

De acordo com a Anac, o programa de certificação do modelo da Embraer teve sete anos de trabalho e foram verificados mais de 2.500 requisitos. Com a certificação, o projeto da aeronave demonstra que cumpriu os requisitos operacionais e de segurança e de proteção ambiental obrigatórios.

“Isso evidencia que o nível de segurança da aeronave é compatível com padrões internacionais e que permite que o modelo certificado seja comercializado no Brasil e registrado no Registro Aeronáutico Brasileiro”, diz comunicado da Anac.

A aeronave é a principal aposta da divisão de defesa da Embraer e maior avião produzido na América Latina.

Com dois protótipos somando mais de 1.500 horas de voo e mais de 40 mil horas de testes laboratoriais e de solo, a campanha de produção recebeu a chamada certificação operacional inicial no final do ano passado.

No total, ainda conforme a agência, cerca de 200 profissionais credenciados participaram da certificação, além de engenheiros e técnicos da própria Anac.

No processo de certificação, a Embraer demonstrou que a plataforma básica do modelo atendia os níveis previstos no RBAC (Regulamento Brasileiro de Aviação Civil) 25, o que significa que eram idênticos aos padrões usados por aeronaves de maior parte da aviação comercial.

NEGÓCIOS

O KC-390 foi desenvolvido para atender requisitos operacionais da FAB (Força Aérea Brasileira) e é uma aeronave equipada com dois motores para transporte tático logístico. Tem sistema de reabastecimento em voo desenvolvido e fabricado pela Embraer e capacidade para transportar 23 toneladas de carga, inclusive veículos.

O cargueiro foi um dos responsáveis por derrubar os resultados da Embraer no segundo trimestre deste ano, ao lado da redução no número de entregas de aeronaves.

O resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) despencou 83%, para R$ 140,4 milhões, incluindo o impacto negativo, não recorrente, de R$ 458,7 milhões referente à revisão da base de custos do contrato de desenvolvimento do KC-390, em decorrência do incidente com o protótipo ocorrido em maio.

Naquele mês, o protótipo 001 sofreu danos extensos em seus três trens de pouso após ter saído da pista durante um teste em solo ocorrido no dia 5 na unidade de Gavião Peixoto, cidade próxima a Araraquara, no interior de São Paulo.

“A companhia reafirma todas as suas estimativas financeiras e de entregas para 2018, que não incluem o impacto não recorrente da revisão de base de custos do KC-390, ocorrida no segundo trimestre”, informou a Embraer em nota de divulgação do resultado.

ACORDO

A Embraer fechou um acordo com a norte-americana Boeing em julho para a formação de uma joint venture de US$ 4,75 bilhões (R$ 17,47 bilhões) da área de aviação comercial. A Boeing assumirá o controle da divisão de aviação comercial, a maior geradora de receita da empresa brasileira, com participação de 80% da joint venture.

CELEBRAÇÃO

A certificação ocorre em meio às comemorações dos 50 anos do primeiro voo de testes do Bandeirante, avião que deu origem à Embraer.

A aeronave, que teve o desenvolvimento iniciado em junho de 1965, fez seu voo inaugural em 22 de outubro de 1968, em São José dos Campos.

No ano seguinte, surgiu oficialmente a Embraer (então Empresa Brasileira de Aeronáutica), com a assinatura do decreto presidencial em 27 de agosto, com o objetivo de promover o desenvolvimento da indústria aeronáutica no país.


 

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.