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The New York Times

Apple iPhone XR: um celular mais barato, adequado para a maioria de nós

Aparelho é quase tão rápido e tem capacidade pouco inferior à dos modelos mais caros

Nova York | The New York Times

Boas notícias, devotos da Apple: vocês não terão de gastar US$ 1.000 (R$ 3.705) em seu próximo iPhone. Isso acontece porque, por volta de US$ 750 (R$ 2778), é possível comprar o iPhone XR, que é quase tão rápido e tem capacidade pouco inferior à dos modelos mais caros do smartphone.

O iPhone mais barato, que chega às lojas na sexta-feira (26), é o modelo que a maioria das pessoas deveria comprar. Os outros iPhones deste ano –a saber, o XS e o XS Max, que custam cerca de US$ 1.000 e US$ 1.100, respectivamente, e já chegaram às lojas– são aparelhos de luxo, mais adequados a entusiastas dispostos a pagar caro por câmeras superiores ou uma tela muito grande.

Para todas as demais pessoas, o XR é perfeitamente adequado e têm poucas desvantagens. Sua tela de 6,1 polegadas usa o LCD, um padrão tecnológico mais antigo, e parece ligeiramente inferior à tela OLED dos dois modelos XS, mas só um cinéfilo devoto perceberia a diferença.

A câmera de lente única do XR também tem capacidade inferior às câmeras de lentes duplas dos modelos XS. Mas ainda assim o XR é capaz de produzir fotos muito satisfatórias de pessoas, usando o modo retrato, também conhecido como efeito bokeh, que coloca o tema principal da foto em foco muito nítido e desfoca ligeiramente o fundo.

O XR também é um pouco menos durável que seus primos mais caros. O fundo do aparelho é de vidro, e nem tão resistente quanto o do XS. A estrutura é de alumínio, em lugar da estrutura de aço inoxidável, mais cara, usada nos aparelhos de preço mais alto. Mas essas diferenças são mínimas. (Recomendo que as pessoas usem uma capa para proteger essas partes do aparelho, de qualquer forma; carregar um celular sem ela é um pouco como dirigir um carro sem para-choques.)

Todas essas pequenas diferenças negativas resultam em uma vitória para o consumidor preocupado com o preço, especialmente porque os preços dos smartphones continuam a subir  –o iPhone alguns anos atrás tinha preço básico de US$ 650 (R$ 2.408), enquanto os preços dos smartphones Android do Google e Samsung também dispararam para entre US$ 700 (R$ 2.593) e US$ 1.000.

Depois de quatro dias de teste do XR, eis os destaques:

Uma tela brilhante e vibrante

A Apple desenvolveu um novo tipo de LCD para melhorar a precisão das cores e conformar a tela do XR aos cantos do aparelho. O resultado é chamado de Liquid Retina pela Apple, e a nova tela tem aparência melhor –mais brilhante e vibrante– que as antigas telas LCD do iPhone.

Confesso que tive dificuldade para perceber a distinção entre a tela Liquid Retina e a tela OLED de um iPhone XS. A distinção fica mais evidente no preto: se você olha para uma foto tirada no escuro, perceberá que os pretos da tela do XR tem um leve brilho azulado, que vem do backlight usado para iluminar a tela, enquanto no XS o preto parece mais escuro e realista porque a tecnologia OLED desliga pixels individuais para torná-los pretos.

Usando o Instagram com o XR e o XS, encontrei alguns exemplos de fotos que parecem melhores na tela OLED do XS. Um exemplo foi uma foto profissional que acompanhava um artigo do The New York Times sobre a morte de Holmes Niscué, um líder indígena da Colômbia. Nessa foto, que mostra pessoas carregando um caixão, os vermelhos parecem mais precisos na tela do XS do que na do XR, e os detalhes de sombra do caixão também pareciam mais pronunciados na tela XS.

São desvantagens triviais. A vasta maioria do tempo que a pessoa dedicará ao telefone provavelmente envolverá ver fotos amadoras tiradas por parentes e amigos, e por isso vale a pena economizar US$ 250 aceitando uma tela ligeiramente menos vibrante.

Câmera de lente única

Se você está tentando escolher entre o XS e o XR, a decisão de compra provavelmente vai girar em torno da câmera. A câmera de lente única do XR tira fotos excelentes, claras, com cores realistas, mas, porque lhe falta uma segunda lente, tem capacidade menor de tirar fotos ao estilo DLSR, em modo retrato, que são muito divertidas.

Para usar o modo retrato na lente XR, a Apple recorreu a aprendizado por máquina, o que envolve análise de imagens por computadores a fim de reconhecer as pessoas em uma foto e lhes dar foco apropriado, ao mesmo tempo desfocando o fundo. A Apple decidiu limitar esse processamento de imagens assistido por máquina especificamente a retratos de pessoas, no seu novo modelo.

Em contraste, a segunda lente da câmera XS ajuda o aparelho a tirar fotos em modo retrato de uma variedade maior de temas, como cachorros e objetos. Além da ajuda do aprendizado por máquina, as duas lentes funcionam juntas para criar um efeito de profundidade de campo que mantém o tema principal da foto em foco e desfoca o fundo.

Ao tentar tirar uma foto de um tema não humano, o usuário da câmera XR receberá uma mensagem que diz que "não foram detectadas pessoas". Esse foi o lado mais negativo para mim, como dono de cachorro e gastrônomo (e o que me levou a comprar o XS).

Em contraste, o Google Pixel 3, de US$ 800 (R$ 2.964), também tem lente única e, com a ajuda de aprendizado por máquina, fez um trabalho fantástico em meu teste, produzindo fotos em modo retrato de cachorros, comida e pessoas.
 
Bateria, velocidade, espessura e cores

A Apple diz que o XR tem a maior duração de bateria entre seus novos iPhones. O aparelho é capaz de reproduzir vídeos por 16 horas, ante 15 horas para o XS Max. Nos meus testes, não registrei diferença perceptível. Os dois iPhones tinham duração de bateria suficiente para garantir seu uso o dia inteiro.

 Em testes de velocidade para medir o desempenho de um "core" de processamento, por meio de um app de referência padrão, o XR teve velocidade igual à do XS, 49% mais rápida que a do Google Pixel 3 e 45% mais rápida que a do Galaxy S9.

O corpo do XR é cerca de meio milímetro mais espesso que o do XS, em parte porque o modelo mais barato precisava abrir espaço para o sistema de retroiluminação de sua tela LCD. A tela do modelo, com 6,1 polegadas, é um pouco maior que a do XS, que tem 5,8 polegadas. (O XS Max, com tela de 6,5 polegadas, representa, é claro, o mais volumoso dos três modelos.)

O XR não dispõe do 3D Touch, um recurso do iPhone que permite que o usuário controle alguns softwares exercendo pressão sobre a tela de toque. Em lugar disso, posicionar o dedo sobre um botão, como o atalho de câmera na tela de bloqueio, e segurá-lo lá resulta em feedback háptico. É uma omissão ínfima: eu tinha até esquecido que o 3D Touch existe, porque o uso raramente.

O XR vem em seis cores: branco, preto, azul, amarelo, coral e vermelho. Os modelos XS vêm em três: dourado, branco e preto.
 
Como costuma acontecer no caso de novos aparelhos, esperar tem suas recompensas. Se você resistiu a gastar mais na compra de um XS para esperar pelo XR, a recompensa será um ótimo celular –e algum dinheiro de sobra.
 
Tradução de PAULO MIGLIACCI

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