Bolsonaro defende meta para o câmbio em entrevista a site

Candidato diz que Paulo Guedes indicaria nome ao BC, mas Onyx Lorezoni bate o martelo

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São Paulo

Às vésperas das eleições, o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) defendeu a adoção de uma dupla meta para o Banco Central, que olharia não só para a inflação, como é o procedimento atual, mas também para o câmbio. 

Em entrevista por telefone ao Site Poder 360 nesta sexta-feira (26) recomendou ainda que o Banco Central deixe a posição de mero espectador e passe a atuar com "inteligência". Como exemplo, citou a situação de um alimento em falta e seus efeitos sobre a inflação. 

"Por exemplo, de uma forma bem leiga: se um produto agrícola corre risco de faltar no mercado por alguma razão e isso pode representar uma alta da inflação. O comando do Banco Central terá de ter inteligência de apontar esse risco, e não apenas ficar sentado e aumentando a taxa de juros se a inflação sobe. Terá de ter iniciativa", disse Bolsonaro em entrevista ao site.

Atualmente, o Banco Central estabelece uma meta de inflação e toma as suas decisões de política monetária com foco nessa meta. 

O câmbio no Brasil, segundo o tripé macroeconômico estabelecido no fim da década de 1990, é flutuante.

O Banco Central entra no mercado apenas para conter movimentos de alta instabilidade. 

Segundo economistas, a China é um dos poucos países que impõe algum tipo de controle ao câmbio.

Entre outras razões, mantém a sua moeda competitiva para favorecer exportações. O país já foi criticado por Bolsonaro por ser um predador que quer dominar setores cruciais da economia brasileira. 

Entre os economistas que acompanham a política monetária, meta de câmbio é vista como um modelo velho, sem sucesso nem na teoria econômica nem na prática. 

A experiência mostra, argumentam esses críticos, que o controle do câmbio traz transtornos operacionais para empresas e pessoas que usam moeda estrangeira, alimenta o câmbio paralelo e leva a crises cambiais e monetárias.

O capitão da reserva assegurou, no entanto, que a independência política do BC está garantida, "para que nenhum político queira influir". 

"Eu falei para o Paulo Guedes: temos de estabelecer metas para dólar, inflação. Aí, a taxa de juros. O presidente do Banco Central terá liberdade para decidir dentro de parâmetros. O controle da inflação não pode ser apenas taxa de juros", afirmou. 

O programa do PT estabelecia um mandato dual ao Banco Central, com base na inflação e no emprego, como ocorre nos EUA.

Em aceno ao mercado financeiro, o candidato Fernando Haddad abandonou a ideia.

Bolsonaro afirmou ainda que o economista Paulo Guedes -- futuro ministro da Fazenda, caso seja eleito –já tem uma lista de nomes para a equipe econômica, mas Onyx Lorenzoni, cogitado para assumir a Casa Civil, é quem baterá o martelo final. 

Se eleito, o capitão da reserva disse ao site que vai começar a divulgar os nomes para a sua equipe já na semana que vem. O time completo, no entanto, será conhecido só em dezembro.

Para o comando do Banco Central, diz o site, o candidato afirmou que o nome pode ser conhecido já na próxima semana. 

Embora não tenha relevado esses nomes, é sabido que o atual presidente do BC, Ilan Goldfajn, é cogitado. "Nem todos os que estão com o Temer não prestam e nem todos prestam", disse o capitão. 

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