Com cenário eleitoral, valor de estatais cresce R$ 132 bi em 10 dias

Período coincide com euforia de investidores após avanço de Bolsonaro e resultado do 1º turno

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São Paulo

Dez estatais brasileiras ganharam R$ 132 bilhões em valor de mercado desde o começo de outubro. Juntas, elas valem R$ 640 bilhões.

O período é marcado pela confirmação de que Jair Bolsonaro (PSL) lidera a corrida eleitoral com larga vantagem sobre o segundo colocado, Fernando Haddad (PT).

O montante supera o total do valor de mercado do Banco do Brasil (R$ 111,8 bilhões), que também se beneficia da alta.

A Folha selecionou as companhias com base nas valorizações mais expressivas e pela ênfase dada por corretoras e casas de análise sobre desempenho que elas poderiam ter no mercado acionário.

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Refinaria da Petrobras em Minas Gerais - Divulgação

Entre elas, estão Petrobras, Banco do Brasil, Eletrobras e empresas sob administração estadual.

Com a disparada recente, a Petrobras voltou a ser a empresa com maior valor de mercado da Bolsa, R$ 371,5 bilhões.

No período, as ações preferenciais (mais negociadas) da petroleira subiram 27% e passaram a ser cotadas na faixa dos R$ 26. Isso fez várias casas revisarem o preço-alvo do papel --a XP projeta R$ 28.

A valorização percentual da Petrobras, porém, não está entre os maiores destaques.

O BB subiu mais de 30%, enquanto ganhos de Eletrobras e Cemig se aproximam dos 50% em dez dias --o Ibovespa ganhou 8,5% no mesmo período.

Por trás do movimento de disparada dos papéis está a expectativa do mercado com a vitória de Bolsonaro.

A vantagem do capitão reformado do Exército se confirmou no primeiro turno, do qual saiu com 46% dos votos, ante os 29,3% dados a Haddad. Ambos disputam, no dia 28, o segundo turno.

Nesta quarta-feira (10), o Datafolha divulga a primeira pesquisa do segundo turno.

A euforia do mercado financeiro com Bolsonaro vem da expectativa de que ele poderá fazer um governo menos intervencionista, com gestão independente nas empresas estatais, dizem analistas do mercado financeiro.

"Nesse momento, a narrativa é que Bolsonaro é reformista, que vai privatizar algumas dessas empresas ou ao menos as atividades que não são principais", diz Felipe Miranda, economista e analista-chefe da Empiricus.

A promessa de privatizações vem sendo feita por Paulo Guedes, o economista fiador da candidatura de Bolsonaro.

Enquanto Guedes defende a venda de todas as estatais, o presidenciável diz que pretende manter aquelas que considera estratégicas para o país.

Para as empresas que estão sob gestão estadual, o cenário eleitoral também contribuiu para a valorização das ações.

As ações de Cemig (energia) e Copasa (saneamento) reagiram ao avanço do candidato do Partido Novo, Romeu Zema, para o segundo turno contra Antonio Anastasia (PSDB), em Minas.

A saída do atual governador petista, Fernando Pimentel, fez o mercado ver espaço para menor intervenção nas empresas e até uma possível privatização das empresas.

"Zema defende uma administração pública mais eficiente e também é a favor de privatizações, desde que beneficiem o consumidor (com redução de tarifas, por exemplo)", escreveu o BTG Pactual em relatório a clientes.

Nicolas Takeo, analista da corretora Socopa, afirma que os papéis da Petrobras poderiam ser considerados baratos.

O mesmo não se aplicaria a Eletrobras, que tem apresentado resultados ruins.

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