Com exterior ruim e véspera de feriado no país, Bolsa cai e dólar sobe

Ibovespa termina semana com alta de 0,72% e dólar é cotado a R$ 3,7790

Tássia Kastner
São Paulo

O mercado financeiro termina a semana curta com desempenho mais modesto que os números eufóricos da segunda-feira, marcada pela confirmação da vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa de segundo turno contra Fernando Haddad (PT) na corrida eleitoral.

Além da véspera de feriado, que tende a deixar investidores mais cautelosos, a tormenta nas Bolsas americanas também pesou sobre o mercado local.

A Bolsa brasileira fechou a quinta-feira (11) em queda de 0,90%, a 82.921 pontos, bem distante da máxima de 86 mil pontos. No acumulado da semana, a alta é de 0,73%. O giro financeiro ficou ao redor de R$ 14 bilhões, acima da média do ano.

O dólar avançou 0,39%, a R$ 3,7790. Na semana, a moeda americana ainda têm queda de 2%.

No mercado doméstico, investidores confirmaram suas expectativas de vantagem de Bolsonaro contra Haddad no segundo turno, de acordo com dados divulgados pelo Datafolha na véspera. O militar tem 58% dos votos, contra 42% para Haddad. Na segunda, será divulgada pesquisa Ibope sobre o segundo turno.

A notícia considerada positiva pelo mercado não foi incorporada aos preços, em um dia em que investidores preferiram embolsar lucros, como precaução para a véspera de feriado.

"Para os ativos domésticos há ventos favoráveis vindos da política: pesquisa Datafolha mostrou que Bolsonaro abriu vantagem de 16 pontos sobre Haddad..., mas dado o ambiente de aversão ao risco presente nos mercados globais, a tendência positiva pode se reverter ao longo do pregão", escreveu a SulAmérica Investimentos em relatório.

"A queda de hoje [quinta] reflete o feriado amanhã e uma perspectiva ruim lá fora", diz Alexandre Espírito Santo, da Órama.

Ele acrescenta que investidores ficaram mais cautelosos após falas recentes de Bolsonaro colocando limites a privatizações, defendidas amplamente por Paulo Guedes, indicado oficialmente como ministro da Economia (Fazenda e Planejamento) em um eventual governo Bolsonaro.

Lá fora, o dia foi mais uma vez negativo para as Bolsas mundiais. Índices americanos recuaram com força pelo segundo pregão consecutivo, reflexo do receio de que o Fed (Federal Reserve, o banco central do EUA) promova aumentos adicionais nas taxas de juros do país.

Investidores também reagem à perspectiva de que o acirramento da guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos contra a China possa ter impacto sobre o crescimento econômico mundial.

O índice Dow Jones caiu 2,13%, o S&P 500 perdeu 2,06% e o Nasdaq, 1,25%. Bolsas europeias e asiáticas também tiveram dia majoritariamente negativo.

A queda em Nova York ocorreu mesmo com dados de inflação um pouco abaixo do esperado. A inflação é uma das medidas de aquecimento da economia usada pelo Fed para decidir aumentar os juros básicos do país.

A Bolsa tende a reagir negativamente à alta de juros, porque ativos mais seguros (títulos da dívida americana) passam a ter remuneração maior.

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