O dólar foi abaixo de R$ 3,70 nesta terça-feira (16), influenciado pelo ambiente de maior busca por risco no exterior e após nova pesquisa eleitoral consolidar o cenário de vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa à Presidência da República.
Na mínima, a moeda americana chegou a R$ 3,693, mas acabou fechando em queda menor, de 0,40%, cotada a R$ 3,72.
O Ibovespa, índice que reúne as principais ações da Bolsa brasileira, avançou 2,83%, para 85.717,56 pontos.
Operadores dizem que os ativos já precificam quase inteiramente a vitória de Bolsonaro, enquanto o dólar ainda testa a manutenção no patamar de R$ 3,70.
Na noite de segunda-feira (15), a pesquisa Ibope mostrou que Bolsonaro tem 59% dos votos válidos, contra 41% de Fernando Haddad (PT).
A preferência do mercado financeiro por Bolsonaro é apoiada basicamente em seu guru econômico, o economista liberal Paulo Guedes, e na expectativa de que eles podem impor uma agenda de reformas, corte de gastos e ajuste fiscal.
Nicolas Takeo, analista da corretora Socopa, observa que, com a eventual confirmação da vitória de Bolsonaro, ainda há espaço para um ganho adicional na Bolsa no curto prazo.
"Virando essa página, para que o preço dos ativos ande mais, será preciso acompanhar qual será a agenda de reformas, sobretudo fiscais, do novo governo e também como será a formação da equipe ministerial", afirma.
Takeo diz considerar que o câmbio está "um pouco mais ajustado" que a Bolsa.
Desde que bateu recorde nominal de fechamento em 13 de setembro, quando terminou o pregão a R$ 4,197, o dólar acumula queda de 11%.
"Independentemente do que venha nos próximos capítulos do Brasil em termos de política e economia doméstica, há um cenário internacional que se mostra um pouco complicado, com estresses comerciais e geopolíticos", afirma Takeo sobre perspectivas para o câmbio.
Lá fora, a terça-feira foi marcada pela busca por ativos de maior risco, após dados mostrarem diminuição no ritmo de crescimento da indústria americana no terceiro trimestre.
A notícia alivia momentaneamente a pressão sobre um aperto monetário mais rápido nos Estados Unidos.
Taxas de juros elevadas atraem fluxo de capital para a maior economia do mundo, fortalecendo o dólar globalmente.
Nesta sessão, porém, a moeda americana perdeu força ante 26 das 31 principais divisas do mundo.
Em Wall Street, os ganhos foram fortes refletindo resultados corporativos acima do esperado, entre eles o do banco Goldman Sachs.
O Dow Jones, principal índice de Nova York, subiu 2,17%. O S&P 500 avançou 2,15%, e o índice de tecnologia Nasdaq, 2,89%.
No mercado brasileiro, destaque para ações de bancos e da Petrobras, que subiram na casa dos 4%.
A líder entre as altas, no entanto, foi a aérea Gol. Suas ações preferenciais se valorizaram 12,85%, enquanto analistas observavam sinergias com a incorporação da Smiles, anunciada na véspera.
Os papéis da empresa de programa de fidelidade tiveram uma sessão de ajustes: subiram 8,2%, após despencarem quase 40% na segunda-feira.
O otimismo dos investidores também pôde ser percebido no mercado de títulos públicos brasileiros.
O alívio com os rumos políticos do país fez com que os juros futuros recuassem nesta sessão.
A queda nas taxas levou muitos investidores a venderem os papéis em busca de um retorno maior, em um fluxo que fez com que o Tesouro travasse as negociações pela manhã.
Com Reuters
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