A partir desta quarta-feira (10), o hotel Hilton, em São Paulo, deixa de jogar fora ao menos 500 quilos de sobras de comida.
A câmara frigorífica onde os restos ficavam guardados à espera do caminhão que os levaria embora passou a abrigar dois equipamentos com cerca de um metro e meio de altura e três de comprimento que transformam esse lixo em água.
Com isso, o uso de 2.500 sacos plásticos por mês para descarte de sobras de alimentos deixa de ser necessário.
Desenvolvido pela empresa canadense Orca Digesters, o equipamento emula um processo de digestão de alimentos a partir de microorganismos que são colocados ali dentro.
Ao visitar o espaço, é possível sentir um cheiro ácido, porém suave em relação ao que se poderia esperar de comida em decomposição. Dentro da máquina, o lixo tem aparência de argila.
É o primeiro equipamento da empresa em uso no Brasil. Segundo Matt Wildsoet, diretor comercial da Orca para a América Latina, ele já é usado em 10 países, em locais como hotéis, shoppings e escolas.
A empresa abriu escritório em São Paulo no começo do ano para buscar mais clientes na região.
O equipamento é alugado por eles e a Orca oferece manutenção.
Em geral, reciclar uma tonelada de comida custa R$ 200, explica Wildsoet.
A água gerada pode ser aproveitada para regar jardim, limpeza ou vasos sanitários. Segundo o diretor da empresa, entre 70% e 80% da água contida nos alimentos é recuperada pelo sistema.
De acordo com ele, seu uso traz ganhos para empresas tanto em termos de sustentabilidade como também financeiros.
Isso porque, segundo Wildsoet , quem usa o serviço reduz seu gasto com água, transporte de lixo e uso de aterros sanitários.
David Ecija, gerente-geral do Hilton São Paulo Morumbi, diz que a adoção do equipamento faz parte de esforço para cumprir meta global da empresa, anunciada neste ano, de diminuir em 50% o impacto da rede de hotéis até 2030.
Segundo ele, atingir as metas de sustentabilidade está à frente da busca por retorno financeiro para a empresa neste projeto.
"Antes do equipamento, com o envio de 10% de nosso lixo orgânico para aterros, já ficávamos no vermelho em relação às metas da companhia. Com ele, conseguimos afirmar que temos uma gestão de 100% dos resíduos do hotel", diz Tales Matzenbacher, gerente de alimentos e bebidas do hotel.
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