Mais caro, veículo elétrico desafia lucro de montadoras

'Mobilidade limpa é como comida orgânica é mais cara', disse presidente da Peugeot

Paris | Reuters

Carros elétricos estão prontos para chegar em massa aos salões do automóvel europeus após anos de lançamentos conceituais e bilhões investidos por parte das montadoras e dos fornecedores.

Agora vem a parte difícil: vendê-los com lucro.

Os modelos movidos a bateria lançados no salão do automóvel de Paris, como o DS3 (PSA Group) e o Crossback (Mercedes), vão corroer a lucratividade, reconhecem os executivos do setor.

Há ainda a preocupações de que o impacto seja pior, já que os consumidores resistem a pagar mais por veículos elétricos, forçando as montadoras a vender esses modelos com margens de lucro menores para atingir as metas de emissões de poluentes.

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A Renault apresentou o modelo K-ZE durante a feira de automóveis de Paris; e afirmou que lançará versões híbridas do Clio e Megane - Benoit Tessier/Reuters

"O que todo mundo precisa perceber é que a mobilidade limpa é como comida orgânica —é mais cara", disse Carlos Tavares, presidente-executivo da Peugeot, Citroen e da Opel, fabricante da PSA.

No final de setembro, a BMW divulgou redução no lucro, responsabilizado em parte o custo com modelos elétricos, além do aperto nas regras de emissão de poluentes com o novo padrão mundial Harmonized Light Vehicle Test; e o aumento das tarifas com as novas taxas de importação impostas pelo governo de Donald Trump. Esse foi "um primeiro sinal de alerta", disse Tavares.

A introdução do WLTP forçou algumas montadoras a reterem a venda de modelos que não estão em conformidade, levando-as a dar descontos em outros modelos para manter sua participação de mercado.

"Ou aceitamos pagar mais por uma mobilidade limpa, ou colocamos em risco a indústria automobilística europeia".

Durante a feira que acontece essa semana em Paris, a Renault apresentou o modelo K-ZE, que começará a ser vendido na China em 2019.

Além do novo modelo, o brasileiro e presidente-executivo do Groupe Renault, Carlos Ghosn, anunciou a criação de opções híbridas de veículos populares até 2020. Nos próximos anos, o grupo francês deve lançar versões elétricas e híbridas (eletricidade e combustível) dos modelos mais vendidos da marca, como Clio, Megane e Captur.

Nos últimos meses uma série de veículos elétricos foram lançados por marcas como Volkswagen, Mercedes-Benz, BMW, Volvo Cars e Jaguar Land Rover.

O lançamento mais recente da Mercedes, anunciado em Estocolmo, foi o EQC, seu primeiro carro totalmente elétrico. O utilitário esportivo (SUV) possui com 450 quilômetros de autonomia.

A Daimler, fabricante da Mercedez, pretende ter dez modelos elétricos até 2022, segundo afirmou o presidente-executivo da montadora, Dieter Zetsche. A expectativa da montadora é que os elétricos respondam por até 25% de suas vendas até 2025.

No final de setembro, a Audi também anunciou o lançamento do utilitário esportivo elétrico UV Audi e-tron. A montadora destacou o um acordo com a Amazon para instalação de sistemas domésticos para recarga dos veículos. A Amazon entregará o hardware e contratará eletricistas para instalar os sistemas por meio da operação Amazon Home Services.

"Eu quero que a Audi seja a vendedora número um de carros elétricos na América no longo prazo", afirmou o presidente da Audi na América, Scott Keogh.

As marcas disputam o mercado atualmente, atualmente dominado pela Tesla, fundada pelo polêmico executivo Elon Musk.

Nesta segunda-feira (1º), após ser repreendido por autoridades regulatórias dos EUA, Musk deixou a presidência do conselho da montadora. A advertência foi dada por causa das mensagens postadas pelo executivo no Twitter, no qual falava sobre fechar o capital da Tesla.

Além das mensagens impulsivas de seu presidente-executivo, a Tesla continua enfrentando dificuldades para produzir e entregar os carros Model 3, que são a chave de seu futuro financeiro. Suas reservas de caixa estão baixas, e ela tem dívidas a pagar em breve.

Especuladores ainda apostam contra a companhia nos mercados futuros, prevendo uma queda no valor de suas ações.

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