Executivo do Carrefour diz que novo presidente precisa 'falar a todos'

Noël Prioux afirma que governo deve ter 'projeto comum', mas que eleição não afetará investimentos

São Paulo

O Brasil precisa de um governo federal que “fale a todo mundo”, afirmou o presidente-executivo do Carrefour no Brasil, Noël Prioux.

“Precisamos realmente de um governo que possa falar a todo mundo, [que tenha] um projeto comum, [que não] haja exclusão nesse processo”, disse ele, em um evento da companhia realizado em São Paulo, nesta segunda-feira (1º).

“Devemos trabalhar para as empresa possam investir mais, as empresas precisam ter confiança, isso é importante para criar empregos. Mas também precisamos ajudar quem tem menos recursos.”

O resultado da eleição não deverá afetar os planos de investimento da companhia, que recentemente anunciou que aplicaria R$ 1,8 bilhão em 2019 para expandir sua rede no país, principalmente suas lojas de atacarejo e de unidades "express", mais próximas ao consumidor. 

Reuters

Ele diz que, se houver alguma revisão do plano de investimentos, será para mais, e não para menos. 

“A política impacta a taxa de câmbio entre euro e reais, isso é o que nos impacta mais. Mas temos confiança e vamos investir. Sabemos que o Brasil não é uma linha reta, faz parte da linha econômica do Brasil”, afirmou.

Para Prioux, o principal é que o novo presidente transmita confiança para que a população retome o consumo e as companhias voltem a fazer investimentos. 

“Se você não tem confiança, como vai investir? Sem investimento não é possível criar emprego. É uma responsabilidade compartilhada [entre empresas e governo]”, disse.

Em relação à recente aproximação entre os grupos franceses concorrentes Carrefour e Casino, revelada nos últimos dias, Prioux afirma que não há nenhuma conversa entre as empresas no Brasil.

Nos últimos dias, o Casino, que, no Brasil, administra a rede de supermercados Pão de Açúcar, informou, por meio de um comunicado ao mercado, que foi procurado pelo Carrefour para discutir uma possível união, mas que os diretores da empresa rejeitaram a proposta. 

A declaração gerou uma rusga: o Carrefour respondeu negando qualquer abordagem e classificou o comunicado do Casino como “inoportuno, enganoso e infundado”. 

Sobre o imbróglio, Prioux afirma que não tem comentários, mas defendeu que as parcerias “são uma maneira de agir para o futuro”.

“Quando falamos de parceria não é apenas fusão. No futuro, ninguém vai ter sua própria supply chain [cadeia logística]. Em uma parceria, por exemplo, para levar um produto para o outro lado do país, os dois só têm a ganhar.”

Hoje, o Carrefour já tem acordos com outros grupos em serviços digitais e em logística em diversos mercados globais, diz ele. “O mundo de parcerias é importante, não vamos fazer tudo sozinhos.”

No Brasil, Carrefour e Casino controlam as duas maiores redes de supermercado do país. 

Em 2017, o Carrefour teve faturamento bruto de R$ 49,65 bilhões, seguido pelo Grupo Pão de Açúcar, com R$ 48,44 bilhões de receita bruta. Depois, vêm o Walmart (R$ 28,19 bilhões) e o Cencosud (R$ 8,54 bilhões), de acordo com o ranking da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).

Orgânicos

No evento realizado nesta segunda, o Carrefour anunciou um movimento para ampliar o número de produtos orgânicos e saudáveis em suas lojas.

"Nossa missão é permitir ao consumidor comprar um produto mais saudável a um preço mais justo", afirmou o presidente.

A companhia planeja duplicar o número de alimentos orgânicos nas unidades até 2020. 

Além disso, prevê criar marcas próprias, de produtos saudáveis, e fazer mais parcerias com produtores locais.

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