Produtora Eduk deslancha com cursos para empreendedores

Dono da empresa, engenheiro fez mudança de carreira ao lançar plataforma

Estúdios de gravação da Eduk, que oferece cursos em vídeo para mais de 100 mil assinantes digitais
Estúdios de gravação da Eduk, que oferece cursos em vídeo para mais de 100 mil assinantes digitais - Karime Xavier/Folhapress
Filipe Oliveira
São Paulo

Enquanto cursava engenharia em Belo Horizonte, Eduardo Lima, 40, sonhava que um dia iria se aposentar e trabalhar com educação.

A ideia virou realidade bem antes disso. Hoje ele comanda a startup Eduk, uma produtora de cursos em vídeo para empreendedores autônomos que oferece conteúdo por assinatura.

A companhia, que tem 70 funcionários, é responsável por selecionar professores, decidir com eles o conteúdo de cada curso e fazer transmissões ao vivo a partir dos dez estúdios que mantém em sua sede, em São Paulo.

São gravados 25 novos cursos por mês, cada um deles com cerca de seis horas de duração. As aulas são transmitidas gratuitamente no momento de sua gravação e, depois, ficam disponíveis para assinantes.

As principais áreas de formação oferecidas são gastronomia, fotografia, artesanato, moda e negócios. Segundo Lima, três quartos dos usuários usam o conteúdo em atividades profissionais, na maioria das vezes um trabalho autônomo ou pequeno negócio.

A companhia não informa seu faturamento. A empresa tem mais de 100 mil assinantes que pagam a partir de R$ 19,90 ao mês para ter acesso ao conteúdo —ou seja, sua receita anual é de, ao menos, R$ 23,9 milhões.

A mudança de carreira de Lima foi gradual. E sua capacidade de rever os rumos de seus negócios em momentos importantes é considerada um dos seus pontos fortes por outros executivos ouvidos pela reportagem.

Depois de dez anos prestando serviços de engenharia para indústrias de setores variados, como siderurgia, mineração e celulose, ele decidiu que queria deixar a rotina e o ambiente das fábricas. Juntou-se ao colega de faculdade Robson Catalan e adquiriu uma franquia de marketing digital. 

Em seu primeiro empreendimento, a atividade era divulgar eletrônicos importados pela franqueadora em grandes portais para ficar com uma comissão das vendas que viessem a partir dos anúncios.

Após terem aprendido sobre internet e interessados em ter um projeto próprio, os dois decidiram criar outra empresa, a Buzzero, de venda de conteúdo digital de terceiros sobre assuntos variados.

Em 2009, quando a empresa começou, produzir vídeos na internet ainda era algo difícil e a maior parte do material oferecido eram apresentações de slides e textos.

Logo Lima percebeu que os conteúdos que mais vendia em seu site eram os cursos que poderiam dar retorno financeiro a quem os comprava.

Por outro lado, os sócios viam que a qualidade do material nem sempre era a ideal, o que levou à ideia de começar algo novo. A Eduk surgiu para oferecer cursos em vídeo em 2013. E, bem no estilo startup, os próprios sócios foram para as câmeras.

“Nós mesmos gravávamos os primeiros vídeos com os experts convidados. Não entendíamos nada de câmera, de transmissão ao vivo, mas, com a internet, você aprende sobre o que quiser”, diz.

Nessa época, a companhia ganhou um sócio, o técnico de vôlei Bernardinho, que, segundo Eduardo, ajudou a dar credibilidade ao projeto.

O treinador, que se diz fascinado por startups e educação, diz que foi apresentado à Eduk pelos gestores do fundo monashees, que já haviam aplicado na Buzzero e investiriam no novo projeto. 

Bernardinho conta que já teve oportunidade de vender suas ações na empresa, mas preferiu seguir com elas.

Outro momento decisivo foi o da troca de seu modelo de vendas, em 2015. 

Até ali, a companhia vendia os cursos um a um, por valores próximos a R$ 200. Em decisão difícil, a empresa passou a trabalhar com assinaturas.

“Foi uma mudança arriscada. Caiu o faturamento no curto prazo, mas trouxe receita recorrente, previsibilidade boa para o negócio.”

Apesar do crescimento, o setor em que a Eduk atua vem se tornando mais desafiador conforme mais conteúdo fica disponível de graça.

Outro desafio é lidar com um público que, na maioria das vezes, está à frente de negócios com pouca profissionalização. 

Na opinião dele, garantir a sustentabilidade da Eduk depende de ensinar, além de técnicas de trabalho, conteúdos que garantam a sobrevivência do negócio deles, como marketing, atendimento e formação de preços. 

Para manter a relevância do negócio, Lima também quer criar formas de dar mais apoio a quem usa a plataforma. Avalia, por exemplo, a formação de redes de consultores para ajudar os alunos e a criação de parcerias com empresas que atendem autônomos pela internet.

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