Biosev contrata banco para possível venda de usinas no Brasil, diz agência

Semanas antes, a empresa vendeu as duas usinas que possuía no Nordeste do país

São Paulo | Reuters

A Biosev, fabricante de açúcar e etanol controlada pela trading Louis Dreyfus, contratou um banco de investimentos para buscar potenciais compradores para algumas ou todas as suas usinas no Brasil, disse uma fonte familiarizada com os planos.

A Biosev contratou a unidade local do banco holandês Rabobank para explorar as oportunidades envolvendo suas nove unidades de produção no centro-sul do Brasil, a principal região produtora de açúcar do país.

Semanas antes, a empresa vendeu as duas usinas que possuía no Nordeste do país, uma região de menor peso na produção de açúcar, por um total combinado de R$ 273,6 milhões.

Usina de açúcar do grupo Biosev, no interior de São Paulo
Usina de açúcar do grupo Biosev, no interior de São Paulo - Fabio Melo/Folhapress

"Eles estão abertos a vender qualquer coisa, dependendo da proposta", disse a fonte, que pediu para não ser identificada porque está envolvida em algumas das discussões com potenciais compradores e essas negociações incluem acordos de confidencialidade.

A fonte recusou citar potenciais interessados, mas disse que estão incluídos fundos de investimento, empresas estrangeiras e algumas companhias locais.

Um porta-voz da Biosev, questionado sobre a possível venda de ativos e a possibilidade de sair completamente do setor, disse que a empresa não comenta rumores de mercado.

Mas um executivo da Dreyfus, falando sob condição de anonimato, disse que, pelo preço certo, os acordos poderiam ser feitos.

"Somos uma empresa que compra e vende commodities, e isso também vale para nossa carteira de ativos. Se uma oferta interessante aparecer, poderemos ter um acordo", disse ele.

Um porta-voz do Rabobank disse que o banco não comentaria, citando questões de confidencialidade.

A Biosev, com dívidas de quase R$ 6 bilhões, enfrenta as mesmas dificuldades financeiras que seus rivais brasileiros após anos de baixos preços do açúcar e do etanol.

No início deste ano, a Louis Dreyfus injetou US$ 1 bilhão na empresa, enquanto a Biosev fechou um acordo com um grupo de bancos para estender os vencimentos de parte de sua dívida. Em junho, Biosev nomeou um novo presidente-executivo.

Uma segunda fonte, consultora para investidores que buscam oportunidades no setor agrícola brasileiro, disse que a Biosev contratou um banco não identificado para explorar a venda da usina Santa Elisa, uma das maiores empresas de açúcar do Brasil, com capacidade para moer 6,1 milhões de toneladas de cana por safra.

A Santa Elisa, fundada na década de 1930 pela família Biagi, uma das dinastias açucareiras mais conhecidas do país, é a segunda maior unidade da Biosev. A maior é a usina Vale do Rosário, com capacidade para esmagar 6,5 milhões de toneladas por ano, que a primeira fonte disse que também poderia ser vendida. A Dreyfus comprou o controle das duas fábricas em 2009.

Além das usinas Santa Elisa e Vale do Rosário, a Biosev possui outras três usinas no Estado de São Paulo, principal produtor de cana do Brasil. Também opera fábricas em Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. A empresa possui um terminal portuário de açúcar no Guarujá.

A Biosev é o segundo maior processador de cana do Brasil, atrás da Raízen, uma joint venture entre a Cosan e a Shell.

Após a injeção de capital de US$ 1 bilhão, a Dreyfus detém mais de 90% das ações da Biosev.

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