BNDES tem lucro de R$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre

No ano, o banco acumula lucro de R$ 6,3 bi, 297% a mais do que o registrado no mesmo período em 2017

Nicola Pamplona
Rio de Janeiro

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou lucro de R$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre, queda de 13,6% com relação ao verificado no mesmo período do ano anterior, causada principalmente por maiores despesas na captação em moeda estrangeira.

É o último balanço divulgado pelo BNDES na gestão Dyogo Oliveira. O resultado fechado do ano já será apresentado por Joaquim Levy, nomeado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para comandar a instituição.

Homem caminha próximo a placa com logo do BNDES, no Rio
Homem caminha próximo a placa com logo do BNDES, no Rio - Nacho Doce/Reuters

Na divulgação desta quarta (14), o diretor de Estratégia e Transformação Digital do banco, Ricardo Ramos, disse esperar aderência entre a visão de Levy e as mudanças em curso no BNDES desde a gestão Maria Sílvia Bastos Marques, nomeada pelo governo Temer em 2016.

“Pelo que consigo depreender das informações sobre o novo presidente, creio que está completamente aderente com o que estamos fazendo aqui, ao planejamento estratégico do banco, que tem entre suas vertentes infraestrutura, desestatização e pequenas e médias empresas”, disse Ramos. 

Apesar da queda no trimestre, o BNDES acumula em 2018 lucro de R$ 6,3 bilhões, 297% a mais do que o registrado no mesmo período do ano anterior e já maior do que o lucro anual de anos anteriores. “Fizemos o resultado de um ano em nove meses”, afirmou Ramos.

O lucro anual foi impulsionado pelo desempenho das operações de participações societárias do banco, que acumula resultado positivo de R$ 5,7 bilhões em 2018 com venda de ações e receitas com dividendos pagos pelas empresas nas quais o banco é sócio.

Com a venda, entre outras, ações da Petrobras, Eletropaulo e Vale, o resultado de alienações de investimentos do banco cresceu 119,5% com relação aos nove primeiros meses de 2017.

Após as alienações, a participação do BNDES na Petrobras caiu de 9,67% para 8,37%, com ganho para o banco de R$ 1,8 bilhão. Na Vale, caiu de 7,60% para 7,35%., com ganho de R$ 600 milhões.

Na Eletropaulo, o BNDES aproveitou a venda do controle para a italiana Enel e se desfez de sua posição, com ganho de R$ 1 bilhão.

Em 2028, o banco teve receita de R$ 594 milhões com dividendos, a maior parte de Vale.

Por outro lado, o resultado da área de intermediação financeira, responsável pela concessão de empréstimos, caiu 18,2% em 2018, para R$ 10,1 bilhões, reflexo da queda de rentabilidade das carteiras de crédito e de títulos e valores mobiliários, acompanhando a redução das taxas de juros.

REVERSÃO

No ano, o BNDES reduziu o valor de provisões para créditos duvidosos para R$ 1,7 bilhão, ante R$ 5,6 bilhões no mesmo período do ano anterior, como reflexo da melhoria da percepção sobre a capacidade de pagamento de seus clientes.

Ramos diz que a melhoria no risco de outros clientes compensou impactos negativos de atrasos no pagamento de contratos de exportação de serviços de engenharia para países como Cuba e Venezuela, alvo de críticas de Bolsonaro.

Esses contratos são garantidos pelo FGE (Fundo de Garantia às Exportações), lastreado pelo Tesouro Nacional, que funciona como uma espécie de seguro contra calote. O diretor do BNDES diz que, assim que os recursos forem liberados pelo fundo, entram como lucro no balanço do banco.

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