China exige que EUA apresentem provas em caso de espionagem econômica

Justiça americana acusou formalmente empresas e executivos chineses na quinta-feira

Pequim | AFP

A China desafiou nesta sexta-feira o governo dos Estados Unidos a apresentar provas sobre o envolvimento de Pequim em um caso de roubo de segredos comerciais de um fabricante americano de semicondutores por empresas chinesas e taiwanesas.

"Se o governo dos Estados Unidos está realmente preocupado, deveria apresentar provas concretas", afirmou em uma entrevista coletiva Lu Kang, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores.

A justiça americana acusou na quinta-feira (1º) uma empresa controlada pelo governo chinês, uma empresa taiwanesa e três cidadãos taiwaneses de tentativa de roubo de segredos industriais da Micron Technology.

"Como este caso e outros casos recentes demonstraram, a espionagem econômica chinesa contra os Estados Unidos aumenta, e aumenta rapidamente", afirmou o procurador-geral americano, Jeff Sessions.

Micron, com sede em Idaho, é a quarta maior fabricante mundial de semicondutores, com uma participação de mercado de 20% a 25% da indústria DRAM (chips de memória dinâmica), "uma tecnologia que os chineses não possuíam até recentemente", disse Sessions, que avaliou os danos em US$ 8,75 bilhões (R$ 32,4 bilhões).

A acusação apresentada no tribunal distrital de San Jose, Califórnia, alega que a estatal chinesa Fujian Jinhua Integrated Circuit e a empresa privada taiwanesa United Microelectronics Corporation (UMC), juntamente com três executivos desta última, conspiraram para roubar segredos comerciais da Micron. 

De acordo com o processo, o objetivo era ajudar a UMC e a Fujian Jinhua a desenvolverem chips DRAM, usados em muitos processadores digitais. A acusação acrescenta que os três executivos taiwaneses —Stephen Chen Zhengkun, He Jianting e Kenny Wang Yungming— trabalharam anteriormente na Micron e roubaram sua tecnologia quando se uniram à UMC com o propósito expresso de transferi-la para a Fujian Jinhua. 

Chen era um executivo sênior da Micron, depois liderou a UMC e mais tarde tornou-se presidente da Fujian Jinhua. 

O movimento representou uma grande ameaça para a Micron, empresa avaliada em cerca de US$ 100 bilhões (R$ 370 bilhões). A acusação é feita quatro meses depois que a Fujian Jinhua ganhou uma disputa de patentes contra a Micron em um tribunal chinês, obtendo um pedido para que a empresa americana suspendesse as vendas na China de mais de uma dúzia de produtos.

Em retaliação, o Departamento de Comércio americano impôs fortes restrições à capacidade da Fujian Jinhua de comprar maquinário e materiais para suas fábricas na segunda-feira. Além das acusações criminais anunciadas nesta quinta-feira, o Departamento de Justiça entrou com uma ação civil para bloquear as importações de qualquer produto da UMC e da Fujian Jinhua usando tecnologia roubada da Micron. 

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