Empresa norueguesa vai usar restos de peixe para combustível de navios de cruzeiro

Restos do setor pesqueiro serão combinados a resíduos orgânicos para criar biogás que substituirá óleo combustível

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Oslo (Noruega) | AFP

A companhia norueguesa Hurtigruten anunciou na segunda-feira (26)  que usará restos de pescado para propelir seus navios de cruzeiro, para, com isso, tentar melhorar a imagem de um setor criticado por seus efeitos negativos sobre o meio ambiente.

Os resíduos da produção do setor pesqueiro norueguês serão combinados a outros resíduos orgânicos a fim de criar um biogás liquefeito que substituirá o óleo combustível, afirmou a empresa, que organiza cruzeiros no Ártico e à Antártida.

"O que os outros consideram como problema, nós vemos como um recurso e uma solução", disse Daniel Skjeldam, presidente-executivo da Hurtigruten.

"Ao usar o biogás para acionar seus navios, a Hurtigruten se converterá na primeira companhia do setor a propelir seus navios com carburantes que não são combustíveis fósseis", ele acrescentou.

A Hurtigruten, que tem uma frota de 17 embarcações, deseja equipar pelo menos seis de seus navios com sistemas de propulsão acionados por biogás, e por motores elétricos associados a motores de GNL (gás natural liquefeito), o mais limpo dos combustíveis fósseis.

A expectativa é que o primeiro desses navios erga a âncora no final de 2019 ou começo de 2020, de acordo com Rune Thomas Ege, porta-voz da companhia.

A Noruega, cujos ônibus já funcionam com biogás, dispõe de um setor pesqueiro e de um setor florestal muito desenvolvidos, que geram volumes consideráveis de resíduos orgânicos.

A Hurtigruten, que pretende chegar a um balanço zero de emissões de carbono em 2050, também encomendou três navios híbridos com motores elétricos e diesel, que segundo a empresa serão os primeiros navios de cruzeiro do planeta capazes de funcionar com emissões zero de poluentes por dados períodos.

"Algo que acreditávamos ser quase impossível alguns anos atrás", disse Ege.

O primeiro deles, o MS Roald Amundsen (batizado em homenagem ao famoso explorador norueguês que viveu de 1872 a 1928), está em construção no estaleiro Kleven, no oeste da Noruega, e deve fazer sua viagem inaugural em maio de 2019.

O setor de cruzeiros marítimos é muito criticado por suas consequências climáticas e por sua contribuição para a poluição da atmosfera.

As emissões diárias de poluentes de um navio de cruzeiro acionado por combustível pesado, que costuma ser barato mas muito poluente, equivalem às de um milhão de carros, de acordo com a organização ecológica alemã Nabu.

Daniel Skjeldam, presidente-executivo da Hurtigruten
Daniel Skjeldam, presidente-executivo da Hurtigruten - Ole Peter Skonnord/Reuters

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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