Enel prevê investir R$ 3,2 bilhões na Eletropaulo até 2021

Italiana, que se tornou a maior distribuidora de energia do país em 2017, não planeja novas aquisições

Presidente da Enel, Francesco Starace, em evento para investidores em Milão
Presidente da Enel, Francesco Starace, em evento para investidores em Milão - Miguel Medina/AFP
Tássia Kastner
Milão

​A Enel deverá investir aproximadamente € 750 milhões (R$ 3,2 bilhões) na Eletropaulo entre 2019 e 2021, afirmou o diretor financeiro da empresa italiana, Alberto De Paoli, em evento para investidores nesta terça-feira (20), em Milão. 

 
A companhia comprou a operação paulista no primeiro semestre deste ano por R$ 5,5 bilhões e se tornou a maior empresa de distribuição de energia do Brasil, com 17 milhões de clientes.
 
Os investimentos devem ser destinados a reduzir despesas, especialmente o custo operacional por cliente. A meta, segundo De Paoli, é uma queda de 30% nesse custo até 2021, para mais perto do já alcançado na Enel Distribuição Ceará (antiga Coelce).
 
 
O custo operacional por cliente da Eletropaulo atualmente é de € 62 (R$ 266), quase o dobro do que a operação cearense entrega, de € 36 (R$ 154) por usuário. 
 
“Isso não é algo inacreditável, podemos trazer esse indicador no nível que nós já temos em outra distribuidora no Brasil”, afirmou.
 
Há ainda o objetivo de elevar os indicadores de qualidade da Eletropaulo, disse ele, o que, para a empresa, traz recompensas nas renegociações tarifárias. Melhorias na rede são reconhecidas nos cálculos de revisão tarifária feita pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
 
No país, os investimentos da companhia italiana devem somar € 4 bilhões (R$ 17,2 bilhões) entre 2019 e 2021, dos quais € 2,2 bilhões irão para distribuição, onde se enquadram os desembolsos para a operação paulista, (R$ 9,5 bilhões) e € 1,6 bilhões (R$ 6,7 bilhões) para projetos de energia renovável.
 
Por fim, € 200 milhões (R$ 858 milhões) devem ser destinados a novos projetos sob o guarda-chuva da Enel X, empresa criada no ano passado e destinada a prestar serviços novos em energia, como infraestrutura de recarga de carros elétricos. 
 
O volume total anunciado é mais que o dobro anunciado para o período de 2018 a 2020, de € 1,8 bilhões (R$ 7,7 bilhões). 
 
A empresa reduziu, porém, o seu interesse por novas aquisições no país, afirmou o presidente da Enel, Francesco Starace.
 
“Nosso apetite para novas aquisições neste momento está limitado comparado com o que tivemos antes”, afirmou.
 
Em 2016, a empresa italiana havia comprado a Enel Distribuição Goiás (antiga Celg).
 
“Vamos estar extremamente ocupados trabalhando dentro das aquisições de Eletropaulo e Celg, finalizando a reestruturação e depois na modernização dos ativos”, acrescentou o presidente da companhia.
 
Starace afirmou ainda que está otimista com a recuperação da economia sob o comando do governo eleito de Jair Bolsonaro (PSL). 
 
“Temos altas expectativas de que o novo governo irá reestabelecer o crescimento da economia brasileira com um mix de privatizações e reformas”, afirmou.
 
Durante a campanha, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, divulgou intenções de promover um amplo programa de privatizações, mas Bolsonaro contrariou seu guru econômico ao dizer que áreas estratégicas, como geração de energia, seriam mantidas sob controle estatal.
 
O plano global de investimentos da Enel para o triênio de 2019 a 2021 soma € 27,5 bilhões (R$ 118 bilhões), crescimento de 12% na comparação com o plano anterior, traçado para 2018 a 2020. Desse montante, 42% será destinado a energia renovável e 40% a rede de distribuição em todo o mundo.
 
A jornalista viajou a convite da Enel

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