Executivos de montadoras mostram otimismo, apesar das críticas de Guedes

Futuro superministro quer uma indústria menos dependente de isenções fiscais

Eduardo Sodré
São Paulo

Executivos presentes no Salão do Automóvel de São Paulo demonstram otimismo com os rumos da economia em 2019, apesar das críticas recentes feitas por Paulo Guedes ao sistema atual de subsídios à indústria.

O futuro comandante da economia no governo de Jair Bolsonaro (PSL) quer uma indústria menos dependente de isenções fiscais.

"Não conheço pessoalmente o Paulo Guedes, ele falou que não concorda com subsídios e eu acho essa visão correta, mas também é preciso reduzir a carga tributária", diz Pablo Di Si, presidente da Volkswagen na América do Sul.

O executivo afirma que os mercados reagiram bem às indicações ministeriais feitas até agora, e que o momento é favorável para o setor automotivo, com baixo índice de inadimplência.

Marcos Munhoz, vice-presidente da General Motors Mercosul, diz que 2018 deve fechar com crescimento em torno de 15% sobre 2017.

"Agora com o novo governo, há um novo começo, e esperamos fazer em 2019, no mínimo, os mesmos 15% de alta deste ano, lembrando que a gente caiu muito em vendas", afirma Munhoz, se referindo à retração entre 2014 e 2016.

Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford na América do Sul, também diz que o ambiente de negócios está mais favorável. "Espero que continue assim".

Tradicionalmente alinhadas aos governos desde o programa de industrialização dos anos 1950, as montadoras evitam criticar as falas de Paulo Guedes. Contudo, ainda não se sabe se o futuro ministro irá mexer no programa Rota 2030, que prevê incentivos pautados em eficiência energética.

Para Johannes Roscheck, presidente da Audi no Brasil, o país precisa aprender com nações que modificaram seus modelos de incentivos e tributação na indústria para se reposicionar globalmente no setor automotivo. Ele acredita que o dólar vai chegar a R$ 3,50 em 2019 e se manter nesse patamar.

"A indústria se adapta a mudanças e o Brasil precisa de uma moeda justa que se mantenha equilibrada pelos próximos anos", afirma Roscheck.

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