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Fim do ano parece uma pausa que dá fôlego para entrar em 2019

Uma reforma aguada consegue manter o crescimento na casa dos 2%, não mais do que isso

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Sergio Vale
São Paulo

O PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre veio próximo da casa de 1%, trajetória que se repetiu nos dois trimestres anteriores. Isso poderia dar a ideia de uma economia estagnada, que não está avançando, mas não é o caso.

O Brasil vem sofrendo desde 2017 uma série de intempéries políticas e econômicas. Desde então, um governo que estava entregando reformas em tempo recorde entrou em semiparalisia.

Para piorar a situação, o começo deste ano viu o fim abrupto da discussão da reforma da Previdência e o início das turbulências no cenário internacional. Logo em seguida, uma greve dos caminhoneiros histórica abalou o segundo trimestre. No rescaldo da crise, o terceiro trimestre ainda sofreu os abalos da eleição conturbada que tivemos.

Setembro foi muito impactado pelos riscos que se avizinhavam de uma vitória da esquerda. Foi um mês de forte queda no nível de atividade e piora nos preços de ativos em geral.

Além disso, o consumo das famílias foi pior até do que o segundo trimestre porque a base de comparação não ajudou: no ano passado os recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) ajudaram na recuperação do consumo no segundo semestre.

Ao mesmo tempo, vale sempre lembrar que o presidente Michel Temer herdou a pior recessão da história sem poder usar adequadamente os instrumentos clássicos de políticas monetária e fiscal para tirar o país da crise.

Nesse conjunto inaudito de dificuldades ainda crescemos 1,1% no ano passado e devemos fechar em 1,4% neste ano. Um número, que, olhado friamente, seria trágico, se torna relativamente positivo quando lembramos das dificuldades pelas quais o país tem passado.

O quarto trimestre surge livre, por enquanto, dessas dificuldades. A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) acabou por diminuir as nuvens na economia, com Paulo Guedes indicando uma ótima equipe econômica.

Isso tem ajudado a aumentar as expectativas positivas sobre a economia, que devem ajudar o PIB deste trimestre a crescer na casa dos 2%. Dar o salto para 3% ou 4% está agora sob responsabilidade da equipe econômica e política, talvez em iguais partes.

Da parte econômica, espera-se uma reforma da Previdência de qualidade. Da política, a capacidade de aprová-la. Há mais dúvidas sobre esta última e, por isso, muito da incerteza sobre o crescimento no ano que vem.

Uma reforma aguada consegue manter o crescimento na casa dos 2%, não mais do que isso.

Para ajudar na pressão pela aprovação da reforma, o cenário internacional será mais desafiador, com os Estados Unidos começando a entrar em processo recessivo e a guerra comercial instalada trazendo riscos de crescimento ao mundo.

O quarto trimestre deste ano parece ser uma pausa para tomarmos fôlego para um 2019 que não será fácil, novamente.

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