Descrição de chapéu Previdência

Investir em ações para complementar aposentadoria requer planejamento e disciplina

Diferente da previdência privada, investidor por conta faz depósitos e calcula ganhos

Gilmara Santos
São Paulo

Com a taxa básica de juros no seu menor patamar histórico no Plano Real, os retornos dos investimentos também diminuíram e estão obrigando investidores a adotar estratégia mais ousada para atingir o montante necessário para complementar a aposentadoria pública.

"A taxa de juros mais baixa veio para ficar, então o investidor precisa buscar alternativas para garantir bom retorno nas suas aplicações", diz Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac (associação dos executivos de finanças, administração e contabilidade).

Livrar-se das taxas de administração e de carregamento é uma maneira de aumentar o volume de recursos. Para isso, muitos investidores optam por fazer sua previdência complementar por conta própria, ou seja, aplicando recursos no mercado sem a contratação de um plano no mercado.

No entanto, essa estratégia requer cuidados, algum conhecimento do mercado financeiro e muita disciplina.

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Para investir em ações é preciso estar disposto a assumir riscos e pensar no longo prazo - Fotolia

Regularidade nos depósitos é o primeiro passo para alcançar o objetivo. Diferentemente da previdência privada, em que um valor é descontado automaticamente da conta do investidor em um dia predefinido, nos investimentos por conta própria normalmente recai sobre o aplicador a responsabilidade de fazer os aportes mensais.

"É preciso ter disciplina, ou a estratégia ficará apenas na intenção, minando o sonho futuro de uma aposentadoria tranquila", alerta Oliveira.

"Em uma gestão profissional [previdência privada], o gestor consegue acompanhar de perto o mercado e participar de investimentos que o pequeno investidor teria mais dificuldade em fazer parte", afirma o professor Valdir Domeneghetti, coordenador de cursos da Faculdade Fipecafi.

Se a opção for juntar recurso por conta própria para complementar a aposentadoria, o primeiro passo é saber quanto precisa ter de renda para manter o seu padrão de vida na terceira idade.

"Para definir esse valor, é importante também considerar a inflação, que vai tirar o poder de compra, e o desconto do Imposto de Renda", afirma Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper.

Feito isso, é hora de escolher a carteira de investimentos. Diante do cenário de juros baixos, os investimentos em renda variável aparecem como boa alternativa para driblar a taxa de juros baixa.

"Para investir em ações, tem que estar disposto a assumir riscos e a pensar no longo prazo, além de ter que conhecer um pouco sobre esse mercado. Uma carteira de ações exige uma cautela quanto à escolha dos papéis e acompanhamento da movimentação do mercado", diz Oliveira.

Mesmo com a expectativa do mercado acionário dar retorno mais atraente para compensar o risco do investimento, é importante diversificar as aplicações para minimizar o perigo de perdas.

No entanto, não é aconselhável fatiar muito os investimentos com valores pouco expressivos em cada modalidade.

Especialistas afirmam que, até os 30 anos, é possível ser mais arrojado e aplicar um percentual maior em ações. Já os mais velhos devem ser mais cautelosos, já que teriam menos tempo para recuperar possíveis perdas.

Rocha aconselha um mix entre a previdência privada e os investimentos por conta própria.

"O ideal é contratar um plano de previdência privada e fazer investimento paralelo em outras aplicações. Acumular recursos fora do plano é uma boa alternativa, mas considero importante manter uma previdência complementar."

Para ele, independentemente da estratégia para a aposentadoria, a previdência oficial do INSS não deve ser descartada, já que, além da aposentadoria, ela garante pensão por morte ou por acidente.

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