Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

'O Brasil é o país dos direitos, só não tem emprego', diz Bolsonaro

No Facebook, presidente criticou a imprensa, sindicalistas e ambientalistas

Heloísa Negrão
São Paulo

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) falou em live (ao vivo) do Facebook nesta sexta-feira (9) que o Brasil tem muitos direitos trabalhista, mas não tem emprego.

Citando empresários, o presidente eleito relacionou as leis que os empregadores devem seguir ao tamanho do desemprego no país. Segundo o último levantamento do IBGE, são 12,5 milhões de pessoas sem trabalho no país.

Bolsonaro comparou o país com os Estados Unidos, onde disse que os trabalhadores podem trabalhar 15 horas e ganhar por isso, assim como podem folgar (e não receber). 

"O Brasil é o país dos direitos, só não tem emprego", disse e afirmou que a meta da sua equipe econômica é aumentar o número de empregos. 

"Eu não vou tirar direito. Está na Constituição. Não vou dar murro em ponta de faca."

Ele atribuiu a relação entre direitos trabalhistas e empregos aos empresários com quem conversa. "Os empresários estão falando isso. Ou tem emprego e menos direitos, ou tem direito e menos empregos".

Sobre as críticas que recebeu após afirmar que irá extinguir o Ministério do Trabalho, Bolsonaro afirmou que não irá acabar com a CLT. 

 O presidente eleito criticou os sindicalistas, que, segundo ele, disseram que os direitos trabalhistas correm riscos. "É muito fácil a vida de sindicalista, não são todos, mas eles ficam lá engordando e criticando".

Durante o pronunciamento na rede social, o capitão reformado afirmou que ainda não tem poder de decisão sobre os rumos do país. E disse que o aumento do salário dos magistrados é uma decisão do presidente Michel Temer. 

"Eu ainda não sou presidente. Estão colocando na minha conta o reajuste do judiciário! Como se eu tivesse poder. A decisão é do presidente Michel Temer", disse.

De acordo com o Bolsonaro, ele já havia falado o que achava sobre o assunto. Uma semana antes, o capitão reformado havia dito que não poderia haver aumento somente para um setor. 

 
Sobre a reforma da Previdência, o presidente eleito negou que irá aumentar a alíquota da previdência dos servidores públicos.

"Estão falando que eu vou aumentar de 11% para 22% o desconto previdenciário, isso é um absurdo", disse.

A proposta em questão, elaborada por técnicos do Congresso, sugere, entre outros pontos, o aumento da alíquota de contribuição de servidores para até 22% e mudança na regra de cálculo dos benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que exige 40 anos para ter acesso ao valor máximo da aposentadoria.

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O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) em visita que fez durante a semana a Brasília - Pedro Ladeira - 7.nov.18/Folhapress

"O jornal O Globo está colocando na minha conta o aumento da previdência", afirmou e repetiu que ainda não é o presidente do país para tomar tais decisões. "A imprensa quer por na minha conta o mínimo de 40 anos [de contribuição previdenciária]. É um absurdo", disse.

Segundo o eleito, os fatos noticiados estavam em projetos que ele recebeu durante ida a Brasília. "Recebi muitos projetos. Nós queremos uma reforma da previdência, mas não vamos começar pelo trabalhador", disse.

AGRICULTURA

Sobre a escolha de Tereza Cristina (DEM-MS) para a liderança do Ministério da Agricultura, Bolsonaro disse que desde a campanha já havia dito que o setor produtivo iria escolher o nome para a pasta.          

Bolsonaro afirmou que irá ele próprio escoolher o nome para o Meio Ambiente. Os ministérios, que inicialmente seriam fundidos em uma mesma pasta, permanecerão separados.

O presidente eleito também fez críticas ao Ibama e aos ambientalistas. 

"Vocês não sabem o que é produzir no Brasil. Aproximadamente 40% das multas vão para ONGs, eu não sei se isso é verdade, mas se for, vocês já sabem o que vai acontecer", disse.

Bolsonaro lembrou que foi multado em R$ 10 mil, em 2012, por pesca irregular em Angra dos Reis (RJ). Ele afirmou ser perseguição, pois, segundo o candidato, no mesmo horário há registro de sua digital no Congresso. Apesar de ter sido fotografado no local, o ex-deputado nega que fosse ele.

Em 25 de janeiro de 2012, às 10h50, segundo os autos, vestindo uma camiseta comprida e uma sunga branca, Bolsonaro foi flagrado por agentes do Ibama pescando sobre um bote inflável na ilha de Samambaia, dentro da Esec (Estação Ecológica) de Tamoios, categoria de área protegida que não permite a presença humana, na região de Angra dos Reis (RJ).

Ao ser abordado, Bolsonaro, segundo relatos de quem participou da operação, alegou ter uma carta de autorização da ex-ministra da Pesca Ideli Salvatti (PT), que havia ocupado o cargo no primeiro semestre de 2011, início do primeiro governo Dilma Rousseff (PT).

Apesar de ter sido fotografado no local do crime ambiental e da presença de seis agentes, Bolsonaro recorreu da multa sob o argumento de que não era ele a pessoa presente no local da multa.

Em defesa protocolada no Ibama em 22 de março, Bolsonaro afirmou que estava decolando do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, na hora da autuação.

“Não se pode acreditar que alguém que estivesse no local descrito na autuação às 11h pudesse se deslocar em tão pouco tempo para o local de embarque, considerando ainda a antecedência exigida pelas companhias aéreas”, escreveu o deputado.

Mas o argumento se baseou na data do auto de infração, 6 de março, e não no dia da ocorrência, de janeiro. A demora na emissão ocorreu porque Bolsonaro não quis mostrar os documentos, dificultando a aplicação da multa.

No vídeo desta sexta-feira, o presidente eleito disse que em seu governo o turismo será usado para preservar o meio ambiente e gerar empregos. Ele criticou a demarcação de áreas de preservação ambiental, algo feito, segundo Bolsonaro, pelos "xiitas do Ibama". 

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