Acordos para cortar salário reduzem ganhos em 20% em 2018

Salariômetro aponta que reajuste médio foi de 2,9%, abaixo da inflação

Cristiane Gercina

Os acordos de redução salarial fechados entre sindicatos e empresas resultaram em uma queda média de 20,4% no valor do salário dos trabalhadores neste ano, ante 18,5% no ano passado, segundo o Salariômetro da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Os dados do boletim mostram que, em 2017, foram fechados 149 acordos para reduzir o salário e a jornada de profissionais. Neste ano, até novembro, o total é de 55.

De acordo com o professor Hélio Zylberstajn, a queda no número de acordos para reduzir salário e jornada mostra que a crise no emprego está longe de acabar.

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Para especialista, acordos para diminuição do salário e queda no percentual de aumenta reflete que a crise permanece - Marcus Leoni/Folhapress

"Essa é uma solução que você usa muito mais no começo da recessão, com a esperança de que ela não vai durar. A tendência vai ser usar cada vez menos, o que ainda reflete que estamos em um mau momento", afirma ele.

O Salariômetro aponta ainda que o reajuste médio nas remunerações foi de 2,9% neste ano, o que mostra aumentos salariais abaixo da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que ficou em torno de 4%, em média, em 2018. Só em novembro a média dos reajustes foi maior, de 4,4%.

Para Zylberstajn, os reajustes abaixo da inflação refletem a crise econômica.

"A inflação estava baixa há um ano atrás, estava rodando em 2%. Quando ela pulou para 3,5% e 4%, o espaço para o aumento real desapareceu, pois houve a greve dos caminhoneiros."

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