Descrição de chapéu Consumo Consciente

Alta e baixa tecnologia se encontram na economia circular

Projetos, produtos, ideias e publicações que tiveram destaque em sustentabilidade em 2018

Mara Gama
São Paulo

O atelier-oï, escritório de design suíço, teve uma amostra de parte de sua produção e suas técnicas exposta no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, no segundo semestre. Com 27 anos de estrada, os  sócios Aurel Aebi, Armand Louis e Patrick Reymond vão do hi-tech ao low-tech em produtos, arquitetura de interiores, cenografia e projetos para marcas de consumo de luxo como Artemide, B & B Itália, Bulgari, Foscarini, Louis Vuitton, Moroso, Victorinox e Rimowa. 

cabana de pássaros do atelier-öi de design suíço
cabana de pássaros do atelier-öi de design - Divulgação
Entre os projetos sociais do atelier-oï, está a Cabana de Pássaros, que foi concebida por eles e é produzida por uma instituição de assistência a deficientes físicos na Suíça. É produzida no inverno, quando os pássaros têm dificuldade para encontrar comida por causa da neve, de dezembro até abril. É moldada com gelatina comestível. 

“A ideia da casa é que ela suma depois de ser comida e que o produto não deixe desperdício", explica Aurel Aebi.

retalhos de couro no formato projetado pelo atelier-öi para potencializar o aproveitamento
Retalhos no formato projetado pelo atelier-öi sendo atados para a construção de novo revestimento - Divulgação

Para a B&B italiana, o atelier-öi desenvolveu um sistema de corte de restos de couro pensado especificamente a partir dos recortes habituais da casa de design de mobiliário. A empresa desperdiçava de 10% a 20% de todo o couro que comprava para fazer revestimentos.

 “Fomos testando limitações do couro e flexibilidade. Estudamos os meios de conexões geométricas com maior eficiência e chegamos aos hexágonos. Pegamos os restos de couro dos produtos da empresa, fizemos em nosso escritório muitos padrões de formas e desenhos no próprio material para ser como se comportava, depois então veio a tradução deste exercício na planificação do desenho. Esperamos que o material respondesse ao seu formato para então, ser cortado.” Conta Aurel Aebi. Com os retalhos, são feitos outros "couros" para recobrir móveis e estofados.

 

Capa da Bloom A Terra Chama
Capa da Bloom "A Terra Chama" - Divulgação

A revista Bloom dedicou uma edição especial para projetos de design sustentável.  “A Terra Chama” foi o terceiro caderno de tendências de Li Edelkoort e mapeou exemplos de extração de matéria prima,  alimento, produção de artesanato, vestuário, moda, gastronomia, decoração, arte e design conectados à preservação e proteção ambiental.

Li Edelkoort é uma referência no mundo das tendências. Curadora de várias exposições de impacto, foi diretora da prestigiosa Academia de Design de Eindhoven, na Holanda, é fundadora da School of Forms, na Polônia, e dá aulas na Parsons School of Design de Nova York, a melhor escola de design americana. Desde 1986, tem um escritório, o Trend Union, que aponta as direções para o desenvolvimento de campanhas de clientes como Coca-Cola, Camper, Disney, Galeries Lafayette, Google, Siemens, Shiseido, Lancôme, L’Oréal, Gucci e Lacoste.

Idealizada pela editora Lili Tedde, a edição da Bloom traz ensaios fotográficos e mostra trabalhos de artistas e designers como Domingos Tótora, mestre da reciclagem de papelão, e de Paola Croso e JeJo Cornelsen, do Studio Passalacqua de ladrilhos hidráulicos, entre muitos outros designers que trabalham com baixa tecnologia. R$ 160,00. 

 

Cosm, cadeira da Herman Miller com selo de sustentabilidade
Cosm, cadeira da Herman Miller que ganhou selo de sustentabilidade em 2018 - Divulgação


A Cadeira de escritório Cosm, da Herman Miller, recebeu um selo verde de sustentabilidade concedido pelo Cradle to Cradle Products Innovation Institute (C2CPII) dos EUA em junho. O selo avalia os processos industriais adotados na construção da peça.  Ela é 94% reciclável e usa 22% de conteúdo reciclado pós- consumo em alumínio ( 30% de reciclados), malha (1%), plástico ( 47%) e aço ( 21%). À venda no Brasil desde outubro, é a aposta da marca para rivalizar com a Aeron, lançada em 1994 e a mais vendida dos EUA, com exemplar na coleção permanente do MoMA.  

A Cosm não é destaque apenas pelo selo. De alta tecnlogia, tem um sistema de suspensão de molas e inclinação que prescinde de ajustes manuais, adequando-se ao movimento natural e os pontos de articulação do corpo do usuário. O marketing da marca aponta a possibilidade de uso por várias pessoas sem precisar de adaptações como uma qualidade importante para os novos espaços e estações de trabalho compartilhados. Entre R$ 5,9 mil e R$ 6,8 mil dependendo do tamanho.

 

Uma boa introdução a experiências de reciclagem e recuperação de reciclados está no livro “Economia Circular – um modelo que dá impulso à economia, gera empregos e protege o meio ambiente”, organizado pelo engenheiro mecânico, empreendedor e executivo Carlos Ohde e lançado em outubro. “É um modelo capaz de gerar valor econômico e, ao mesmo tempo, criar empregos e preservar o meio ambiente”, escreve o autor. 

O livro mostra casos de empresas que conseguiram tornar seus processos circulares, reinserindo resíduos descartados pós consumo na cadeia produtiva, como ocorre com a Sinctronics, de eletroeletrônicos, em simbiose com a HP. Outros casos relatados são o do InpEV, que estruturou o sistema de retorno de embalagens vazias de defensivos agrícolas, da ArcelorMittal, maior produtora de aço do mundo que tem um modelo de negócios baseado em aluguel de produtos, o que favorece o uso contínuo e da Nat.Genius, de compressores e equipamentos de refrigeração. Traz também artigos sobre os compromissos da C&A com a sustentabilidade, e do colunista da Folha Helio Mattar, sobre o papel dos consumidores como indutores da economia circular. O site do livro traz vídeos, fotos, entrevistas e conteúdos atualizados. R$ 55,00, também pelo site.  
 

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