Descrição de chapéu The New York Times

Ataque a redes do Marriott veio de hackers chineses; EUA planejam resposta

Invasores são suspeitos de trabalhar para o Ministério da Segurança do Estado chinês

Nova York | The New York Times

O ataque cibernético contra a cadeia de hotéis Marriott que obteve informações sobre passaportes e outros detalhes pessoais quanto a 500 milhões de hóspedes da empresa foi parte de um esforço chinês de coleta de dados que tomou por alvo operadoras de planos de saúde, outras empresas de hotelaria e os arquivos de credenciais de segurança de milhões de outros americanos, de acordo com duas pessoas informadas sobre os resultados preliminares da investigação sobre o caso.

Os hackers são suspeitos de trabalhar para o Ministério da Segurança do Estado chinês. A descoberta surge no momento em que o governo Trump está planejando uma série de ações contra o comércio, as operações de espionagem cibernética e as políticas econômicas da China.

O Departamento da Justiça americano está se preparando para anunciar novos indiciamentos de hackers chineses que trabalham para os serviços de inteligência e militares de seu país, de acordo com quatro funcionários do governo americano que falaram sob a condição de que seus nomes não fossem revelados. O governo Trump também planeja divulgar dados de inteligência até agora sigilosos, a fim de revelar os esforços coordenados de agentes chineses para criar um banco de dados contendo os nomes de executivos e de funcionários do governo dos Estados Unidos dotados de credenciais de segurança.

Hotel da rede Marriott em Chicago (EUA)
Hotel da rede Marriott em Chicago (EUA) - Scott Olson/AFP

O governo americano está estudando uma ordem executiva cujo objetivo seria dificultar a obtenção de equipamentos de comunicação importantes por companhias chinesas, disse um importante funcionário do governo dos Estados Unidos que está informado sobre esses planos.

As ações coordenadas derivam da crescente preocupação, no governo americano, quanto à possibilidade de que a trégua comercial de 90 dias negociada entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping duas semanas atrás, em Buenos Aires, pouco faça para mudar o comportamento da China –que inclui coagir empresas americanas a entregar tecnologias valiosas a parceiros chineses caso elas desejam entrar no mercado da China, bem como o roubo de segredos comerciais de empresas americanas em benefício de estatais chinesas.

A invasão dos computadores da Starwood, uma das redes de hotéis do grupo Marriott, não deve ser mencionado nos indiciamentos que estão para ser anunciados. Mas dois funcionários do governo americano disseram que o caso tornava mais urgentes as medidas repressivas que o governo planeja adotar, já que o grupo Marriott é o principal fornecedor de acomodações de hotelaria para o governo e os militares dos Estados Unidos.

Geng Shuang, porta-voz do Ministério do Exterior chinês, nega que as autoridades de seu país tenham qualquer conhecimento sobre a invasão dos computadores do grupo Marriott.

Negociadores comerciais dos dois lados do Pacífico estão trabalhando para um acordo que incluiria um compromisso da parte da China de elevar em US$ 1,2 trilhão (R$ 4,64 trilhões) a aquisição de produtos e serviços americanos pelo país nos próximos anos.

Mas embora representantes importantes do governo dos Estados Unidos insistam em que as negociações comerciais estão seguindo por um caminho separado, as medidas repressivas mais amplas contra a China podem reduzir a capacidade de Trump para chegar a um acordo com Xi.
 
Tradução de PAULO MIGLIACCI

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.