BC deve manter taxa Selic em 6,5% na última reunião antes de Bolsonaro

Reunião que acaba nesta quarta-feira é a última sob o governo de Michel Temer

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Brasília | AFP

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central deve manter sua taxa básica de juros, a Selic, em seu mínimo histórico, de 6,50%, na última reunião deste ano, estimam analistas.]

Essa é a estimativa média dos operadores de mercado consultados semanalmente pela pesquisa Focus, do BC.

A reunião acontece desde terça-feira (11) e o BC deve soltar o comunicado após o fim do encontro nesta quarta.

O Copom está diante de variáveis incertas, em um contexto tão complexo "que incrivelmente o cenário de manutenção [dos juros] é o melhor", comentou Jason Vieira, da consultoria Infinity Assets.

O analista se refere a um panorama marcado, por um lado, pela fraqueza do crescimento e a inflação —o que justificaria uma redução dos juros para estimular a atividade econômica. Por outro lado, existem tensões internacionais e dúvidas sobre a política econômica no novo governo de Jair Bolsonaro, que assume em 1º de janeiro.

A agenda liberal de ajustes fiscais, privatizações e abertura econômica lhe rendeu amplo apoio dos investidores. Esse movimento ganhou força com a indicação de Paulo Guedes para o Ministério da Economia e do atual diretor de tesouraria do Banco Santander, Roberto Campos Neto, para dirigir o BC.

Segundo Vieira, o ano que vem terá "a mesma política econômica, do atual governo. "A equipe do Banco Central ficará praticamente igual", afirmou.

Contudo, para agradar o mercado financeiro, Bolsonaro terá que alcançar realizações que o governo de Michel Temer não conquistou, como a reforma da Previdência, considerada a principal para equilibrar as contas públicas.

Os preços caíram 0,21% em novembro,  segunda retração neste ano. No acumulado em 12 meses, o índice de inflação oficial, o IPCA, foi de 4,05% —abaixo do centro da meta do BC, de 4,50%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

A estimativa do mercado é que a inflação em 2018 seja de 3,71%. Em 2017, o IPCA teve um aumento de 2,95%.

Para 2019, a pesquisa Focus prevê crescimento econômico de 2,53% e inflação de 4,07%, com uma taxa de juros de 7,5%. Há um mês, a previsão para a Selic era de 8%.

A próxima reunião do Copom, já na nova gestão, está marcada para os dias 5 e 6 de fevereiro de 2019.

Segundo o IBGE, o IPCA acumula alta de 4,05% nos 12 meses terminados em novembro, abaixo do centro da meta de inflação, que é de 4,5%. Essa meta tem limite inferior de 3% e superior de 6%. Para 2019, a meta é 4,25% com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%.

A manutenção da Selic na reunião, como prevê o mercado financeiro, indica que o Copom considera as alterações anteriores nos juros básicos suficientes para chegar à meta de inflação, objetivo que deve ser perseguido pelo BC.

Ao reduzir os juros básicos, a tendência é diminuir os custos do crédito e incentivar a produção e o consumo. Entretanto, as taxas de juros do crédito não caem na mesma proporção da Selic. Segundo o BC, isso acontece porque a Selic é apenas uma parte do custo do crédito.

Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de ficar acima da meta de inflação. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Com Agência Brasil

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