Bolsas americanas têm dia volátil, mas fecham no positivo pelo segundo pregão seguido

Dólar se mantém ao redor de R$ 3,90, em queda após nova atuação do BC no mercado

Tássia Kastner
São Paulo

As Bolsas americanas tiveram um pregão de fortes oscilações nesta quinta-feira (27), após a alta registrada na véspera que levou ao melhor desempenho dos índices desde 2009. No Brasil, o Ibovespa conseguiu sustentar alta modesta, enquanto o dólar recuou em linha com o desempenho de seus pares no exterior.

No exterior, o dia foi marcado por quedas expressivas ao longo da sessão, e os índices americanos chegaram a cair mais de 2%, com recuperação ao final do dia. O Dow Jones avançou 1,14%, o S&P 500 ganhou 0,86%, enquanto o Nasdaq subiu 0,38%. No ano, as Bolsas acumulam perdas de mais de 5%.

Já os principais índices europeus tiveram um dia negativo e retornaram a patamares de 2016.

Persiste no radar de investidores o receio com os rumos da economia global e nem notícias positivas ajudaram a sustentar o mercado.

Nesta quinta, a China divulgou redução de tarifas cobradas de produtos importados dos Estados Unidos a partir de janeiro, em um gesto concreto nas negociações de trégua na guerra comercial travada entre os dois países. Os chineses disseram ainda que as negociações presenciais devem ser retomadas em 7 de janeiro, após receios de que a trégua firmada em Buenos Aires no final de novembro, poderia não se sustentar.

O problema é que analistas do mercado financeiro agora anteveem outros problemas na economia americana, entre eles a escassez de estatísticas causada pela paralisação do governo. A administração de Donald Trump e parlamentares democratas ainda não conseguiram negociar um acordo para o Orçamento do país, o que destravaria os recursos para o funcionamento de serviços públicos. O motivo do impasse é a previsão de recursos para construção de um muro na divisa com o México, uma promessa de campanha de Trump, que vai contra o que pregam os legisladores do partido de oposição.

Nesta quinta ainda foram divulgados dados de pedidos de seguro-desemprego em retração, um indicador positivo da economia, mas dados de confiança do consumidor vieram piores que o esperado pelos analistas, adicionando pessimismo com o desempenho da economia americana no futuro.

Isso em um cenário em que dados da economia chinesa voltaram a surpreender negativamente, com o pior desempenho de lucro industrial em três anos.

A aversão global ao risco foi disparada no começo de outubro, por um temor de desaceleração da economia global, com queda nos preços das matérias-primas. O petróleo agora ronda os US$ 52 o barril após tombo de quase 40% desde o pico atingido em 3 de outubro.

No Brasil, o dia também foi de volatilidade, turbinada pelo menor volume de negócios durante o recesso entre Natal e Ano-Novo. O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas, subiu 0,38% e terminou o dia a 85.460 pontos. No ano, o índice ainda acumula ganho acima de 10%.

O volume de negócios foi de R$ 9,9 bilhões, 30% abaixo da média de negociação dos últimos 30 dias, segundo dados da Bloomberg.

O ganho foi sustentado pelas ações de bancos, após o Banco Central informar que cresceu a concessão de crédito em novembro.

Ainda no campo de notícias corporativas, o Grupo Pão de Açúcar vendeu 50 milhões de ações da Via Varejo (dona das Casas Bahia e do Ponto Frio) a R$ 4,35 por ação. A operação faz parte de uma estratégia do GPA de vender sua fatia na empresa até o final de 2019.

Os papéis da Via Varejo encerram o dia em alta de 0,47%, cotados a R$ 4,32.

O dólar também experimentou um dia volátil, mas fechou em queda de 0,68%, a R$ 3,8940. Entre as moedas emergentes, o real foi a que mais ganhou força ante a divisa americana, em novo dia de intervenção do Banco Central no mercado de câmbio.

O BC injetou US$ 1 bilhão por meio de leilões de linha (venda com compromisso de recompra), com o objetivo de garantir a oferta de moeda para investidores que estão de saída do país.

Com essa operação, a entidade injetou US$ 11 bilhões no mercado, para segurar a alta da moeda em período em que tradicionalmente a demanda por dólar cresce para a remessa de lucros ao exterior.

Há ainda um movimento de saída de investidores da Bolsa, o que pressiona o câmbio.

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