CVM acusa Itaú e diretores do banco de operações irregulares na Bolsa

Eles são acusados de criar condições artificiais em negociações de títulos cambiais; empresa nega

Nicola Pamplona
Rio de Janeiro

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu processo contra o banco Itaú, a operadora de cartão de crédito Itaucard e dois executivos do grupo por irregularidades em operações no mercado financeiro. Eles são acusados de criar condições artificiais em negociações de títulos cambiais.

As duas empresas e os diretores da Tesouraria do Itaú, Marco Antônio Sudano, e do Itaú BBA, Carlos Henrique Donega Aidar, propuseram acordo com o órgão regulador para encerrar o processo, por meio de um instrumento chamado de termo de compromisso.

Segundo dados disponíveis no site da CVM, os processados teriam infringido regra que veda administradores de companhias abertas de criar condições artificiais, manipular preços, realizar operações fraudulentas ou em condições não equitativas.

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Agência do Itaú na região central de São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress


De acordo com o jornal O Globo, as transações investigadas pela CVM ocorreram entre dezembro de 2014 e abril de 2015. O Itaú Unibanco teria se desfeito de grande volume de derivativos cambiais para se adequar a norma contábil.

A Itaucard teria comprado todos os papeis e revendido de volta ao Itaú poucos dias depois. A área técnica da CVM vê "evidente combinação" nas operações intragrupo, segundo O Globo. "Se houvesse o interesse em negociar esses contratos, o Itaú teria buscado no mercado outros investidores", diz relatório da autarquia.

O valor das operações está protegido por sigilo bancário. Detalhes do processo foram enviados ao Banco Central, ao Ministério Público Federal e à Receita Federal para apuração das supostas irregularidades.

O Itaú Unibanco diz que "entende que as operações realizadas não têm qualquer irregularidade, tendo sido efetuadas de forma transparente, em mercado regulado seguindo absolutamente todos os parâmetros, regras e procedimentos usuais de mercado".

Em nota, o banco diz que as operações não trouxeram prejuízos a clientes ou a terceiros e que, até o momento, não foi comunicado de nenhuma operação pelo Ministério Público Federal ou pela Receita Federal.

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