Dólar cai com intervenção do BC e fecha abaixo de R$ 3,90; Bolsa também recua

Exterior ditou queda da Bolsa com investidores esperando reunião do Fed

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São Paulo | Reuters

O dólar recuou nesta segunda-feira (17) em linha com o exterior, refletindo expectativa sobre a taxa de juros dos Estados Unidos e também a intervenção do Banco Central no mercado local. A Bolsa brasileira também recuou.

A moeda americana cedeu 0,28%, cotada a R$ 3,8940. De uma cesta de 24 divisas emergentes, 17 se valorizaram ante o dólar nesta segunda.

"Até quarta-feira o mercado vai esperar o Fed", resumiu o diretor de câmbio da Ourominas, Mauriciano Cavalcante. "Depois, pode haver espaço para o dólar realizar", acrescentou.

Na quarta-feira, o banco central dos EUA deve elevar a taxa de juros, mas o mercado quer saber o que dirá o comunicado e também o presidente do Fed, Jerome Powell, depois de recentemente os membros da autoridade monetária terem sinalizado que os juros do país já estariam perto do nível neutro.

Há preocupação com a desaceleração econômica global, sobretudo após a guerra comercial entre Estados Unidos e China, que já impactou os indicadores da segunda maior economia mundial.

Nesta segunda-feira, o presidente Donald Trump voltou a criticar a ação do Fed sobre os juros, defendendo juros mais baixos para apoiar a economia dos EUA de forma mais ampla.

Seu discurso foi reforçado pela fala do assessor de comércio da Casa Branca, Peter Navarro, para quem a taxa não deveria subir porque a economia "está crescendo sem inflação".

Em boa parte da sessão, o dólar operou em alta ante o real, com o volume mais baixo ajudando a içar a moeda mesmo com a atuação do Banco Central no mercado cambial.

O Banco Central fez mais um leilão de linha —venda com compromisso de recompra— nesta segunda-feira, após a moeda norte-americana ter fechado na casa de R$ 3,90 na sexta-feira. Vendeu integralmente a oferta de US$ 1 bilhão.

O fluxo de saída de recursos é comum no final do ano, quando muitas empresas remetem lucros e dividendos ao exterior, e já levou o BC a realizar quatro leilões novos de linha desde o final de novembro —o desta segunda-feira é o quinto—, além de promover a rolagem dos contratos que venciam no início deste mês.

Já a Bolsa brasileira recuou mais de 1% nesta segunda, em linha com o dia mais negativo no exterior. As Bolsas americanas perdiam ao redor de 2% perto do fechamento do pregão.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, cedeu 1,20%, a 86.399 pontos. O volume financeiro da sessão somou R$ 17,85 bilhões, ampliado pelo exercício de opções sobre ações, que movimentou R$ 6,1 bilhões.

No Brasil, os fortes ganhos verificados em 2018 abrem espaço para movimentos de realização de lucros, tendo como pano de fundo também alguma precaução com o novo governo que assume o país sob o comando do presidente eleito Jair Bolsonaro.

"Investidores estão sem novo motivo para manter as compras nesse final de ano e alguns começam a desmontar posições ou realizar os lucros - hoje especialmente em papéis de bancos", avaliou o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos

s perdas foram lideradas pelas perdas no setor bancário. Na contramão, a Embraer fechou a sessão com valorização de 2,50%, reflexo do anúncio de acordo final para a venda de 80% da companhia à americana Boeing. O valor da operação, anunciada há um ano, foi elevado. 

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