Fasano inaugura em Salvador seu primeiro hotel no Nordeste

Com incentivo fiscal, obras em prédio histórico no centro custaram R$ 85 mi

João Pedro Pitombo
Salvador

Das 97 janelas frontais, avista-se a estátua do poeta Castro Alves, mão direita erguida, em meio à praça batizada com seu nome. Em segundo plano, o mar da baía de Todos-os-Santos emoldura a paisagem onde o sol cai todas as tardes em Salvador.

Em um prédio situado na entrada do centro histórico, a primeira unidade do Hotel Fasano da região Nordeste abrirá as portas para o público no sábado (15).

Será o sétimo empreendimento hoteleiro da rede, o terceiro inaugurado no período de um ano --os outros são em Belo Horizonte e em Angra dos Reis (RJ).

 

O Fasano Salvador terá 74 apartamentos e uma unidade do restaurante Fasano, do mesmo grupo. Funcionará em um prédio histórico tombado pelo Ipac (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia), erguido nos anos 1930 e que durante quatro décadas abrigou o centenário jornal A Tarde.

O imóvel, cuja arquitetura segue o estilo art déco, foi completamente restaurado em um trabalho que custou R$ 85 milhões e perdurou por quase uma d écada.

"Este hotel é um sonho antigo do grupo. Ele vem em um bom momento, tem uma localização estratégica e um apelo muito grande para o hóspede estrangeiro que busca um turismo cultural", afirma Constantino Bittencourt, presidente-executivo do Grupo Fasano.

O cenário em que o Fasano fincou bandeira, de fato, respira a história do Brasil. Antes mesmo de Castro Alves nascer e tornar-se o poeta dos escravos, a praça que o homenageia foi cenário da primeira homenagem a d. João 6º ao desembarcar no Brasil em 1808.

Antes ainda, ali começou a ser erguida em 1549 pelo governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, a primeira rua do país, primeiro chamada Direita, depois rebatizada com o nome atual de Chile.

No seu entorno, estão alguns dos principais pontos turísticos de Salvador, como o elevador Lacerda e o Pelourinho, além de bares e restaurantes.

A abertura do Fasano consolida um movimento de revitalização do centro antigo.

Nos últimos anos, a área tem sido alvo de requalificação urbanística, com obras da prefeitura e do governo do estado, e ganhou novos equipamentos como o Museu do Carnaval.

Novos empreendimentos, como o próprio Fasano, tiveram incentivos fiscais da prefeitura com abatimento de tributos como ISS e IPTU.

"O incentivo mira justamente a recuperação de prédios históricos que estavam degradados", diz o secretário municipal de Turismo, Claudio Tinoco.

O setor hoteleiro também avançou na região. O Fasano é o terceiro hotel de alto padrão inaugurado nos últimos cinco anos no centro antigo.

Em 2013, o Hotel da Bahia —primeiro cinco estrelas de Salvador —  reabriu as portas na praça do Campo Grande, sob a bandeira Wish, após três anos fechado.

No ano passado, foi a vez de o Fera Palace Hotel ser inaugurado, na rua Chile, após trabalho de recuperação de um prédio da década de 1930. Em um ano de funcionamento, recebeu 28 mil hóspedes e teve ocupação média de 55%.

O movimento segue na contramão da crise recente que atingiu o setor hoteleiro em Salvador. Nos últimos quatro anos, 22 hotéis fecharam na capital baiana, incluindo os icônicos Pestana, no Rio Vermelho, e Othon, na praia de Ondina.

A crise fez o número de leitos ofertados cair de 46 mil para 40 mil. Desde 2017, contudo, o setor ensaia uma retomada. Entre janeiro e julho, houve um crescimento de 6,5% na taxa média de ocupação de hotéis e pousadas.

Para Bittencourt, do Fasano, a crise não se limitou à capital baiana e obedeceu aos movimentos cíclicos do setor de turismo. "Tivemos um pouco de sorte em abrir só agora."

Para os próximos anos, o projeto é avançar ainda mais em terras baianas. Além da unidade em Salvador, o Fasano está erguendo um hotel e um condomínio de luxo com 23 casas em Trancoso.

No médio prazo, está previsto um novo empreendimento do grupo na praia de Baixios, litoral norte da Bahia.

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