Combustíveis e energia mais baratos fazem inflação recuar 0,21% em novembro

Taxa é a menor para o mês desde a implantação do Plano Real, em 1994

São Paulo | Reuters

O Brasil registrou a maior deflação para o mês de novembro em 24 anos graças à queda dos preços principalmente de Habitação e Transportes e caminha para encerrar o ano com a inflação abaixo do centro da meta, favorecendo a visão de que o Banco Central deve demorar para elevar os juros.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve em novembro queda de 0,21%, ante alta de 0,45% no mês anterior, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Trata-se da maior queda do indicador desde junho de 2017 (-0,23%), e a menor taxa para um mês de novembro desde a implantação do Plano Real, em 1994. O recuo também foi mais acentuado do que a expectativa mediana na pesquisa da Reuters com especialistas de queda de 0,10%.

No acumulado em 12 meses até novembro, o IPCA tem alta de 4,05 por cento, resultado mais fraco desde maio, ante avanço de 4,56% em 12 meses até outubro. Com isso, o índice recuou abaixo do centro da meta de inflação –de 4,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Os analistas consultados na pesquisa da Reuters esperavam alta de 4,19% em 12 meses, na mediana das projeções.

"Para ficar no centro da meta, o IPCA de dezembro teria que ficar em 0,88% –uma taxa fora do padrão dos últimos dois anos. Para dezembro não há pressões tão intensas previstas", disse o gerente da pesquisa no IBGE, Fernando Gonçalves.

Neste final de ano, o alívio nos preços de combustíveis e das tarifas de eletricidade aliadas ao desemprego ainda alto e atividade ainda em ritmo fraco favorecem a manutenção do cenário de pressões inflacionárias contidas.

O destaque em novembro ficou para as queda de 0,74% de Transportes e de 0,71% de Habitação, após altas respectivamente de 0,92% e 0,14% no mês anterior.

O recuo de 2,42% nos preços dos combustíveis deu a maior contribuição para o resultado de Transportes, com a gasolina ficando em média 3,07% mais barata.

A Petrobras reduziu ao longo de novembro o preço médio da gasolina nas refinarias em quase 20%, para R$ 1,5007 por litro, refletindo o tombo do petróleo no mercado internacional.

Em Habitação, a energia elétrica, com queda de 4,04%, deu a maior contribuição negativa no IPCA de novembro, com a entrada em vigor a partir de 1º de novembro da bandeira tarifária amarela, o que significa redução de custos para os consumidores frente aos cinco meses anteriores.

Na outra ponta, Alimentação e Bebidas exerceu a maior pressão de alta, embora o avanço tenha desacelerado a 0,39%, de 0,59% em outubro.

"A alimentação impediu uma queda mais forte em novembro por conta de tomate, batata, cebola e hortaliças. Questões climáticas afetaram a oferta desses produtos", disse Gonçalves.

O BC volta a se reunir na próxima semana para discutir a taxa básica de juros, já tendo indicado que não há urgência para elevar a Selic.

A expectativa no mercado é de manutenção da Selic no atual patamar de 6,5%, com a pesquisa Focus do BC mostrando que em 2019 ela deve terminar a 7,75%. O levantamento mostra ainda que os economistas veem o IPCA encerrando este ano com alta de 3,89%.

No próximo ano o BC passará a ser comandado por Roberto Campos Neto, indicado pelo governo Bolsonaro para substituir Ilan Goldfajn.

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