O juiz William Ehrcke concedeu, nesta terça-feira (11), liberdade condicional a Meng Wanzhou, 46, vice-presidente financeira da Huawei, sob a garantia do pagamento de uma fiança de 10 milhões de dólares canadenses (R$ 29 milhões).
Meng, que também é filha do fundador da gigante de tecnologia asiática, foi detida por autoridades canadenses no aeroporto de Vancouver dia 1º de dezembro, a pedido dos Estados Unidos.
O governo americano alega que a fabricante de smartphones e maior fornecedora de equipamentos de rede de telecomunicações tenha enganado bancos internacionais sobre transações ao Irã, violando regras de sanção ao país.
A alta executiva é acusada de usar a Skycom, uma subsidiária da Huawei, para escapar de sanções contra o Irã entre 2009 e 2014.
Com a decisão, Meng deve permanecer em uma de suas casas em Vancouver. A condição para a liberdade condicional inclui a entrega de passaportes, o uso de uma tornozeleira com GPS e a supervisão de seguranças.
Meng aguarda uma possível extradição para os Estados Unidos. Seu advogado, David Martin, argumentou que ela deveria ser libertada sob fiança enquanto aguarda pela próxima audiência.
A ré tem hipertensão e chegou a ser hospitalizada após a prisão.
O caso acentuou a tensão entre Washington e Pequim, que estão em uma longa guerra comercial.
No domingo (9), o Ministério de Relações Exteriores da China convocou o embaixador americano da capital para expressar “forte protesto” contra a prisão e exigir a libertação da empresária.
Além da suposta violação das sanções contra o Irã, agências de inteligência dos EUA suspeitam que a Huawei facilite a espionagem governamental da China. Nenhuma evidência já foi apresentada publicamente. A Huawei nega as acusações.
A China chegou a ameaçou o Canadá com "graves consequências" caso Meng não fosse liberada imediatamente.
Nesta terça-feira, um ex-diplomata canadense foi detido na China. Na segunda-feira (10), um tribunal chinês determinou a suspensão preliminar do comércio de modelos antigos de iPhone, da Apple, no país. A decisão foi favorável à Qualcomm, fabricante de chips que acusa a Apple de violação de duas patentes.
Nenhum dos dois casos apresenta relação explícita com a prisão da executiva da Huawei, embora analistas tenham previsto retaliações de Pequim.
Antes da prisão, o governo americano já promovia uma campanha com outros países, como Alemanha, Itália e Japão, para restringir a atuação da empresa de tecnologia. Além do Irã, a Huawei é investigada por violar controles comerciais americanos em Cuba, Sudão e Síria.
Diante do problema diplomático, o presidente Donald Trump afirmou à agência de notícias Reuters que poderia intervir no Departamento de Justiça dos Estados Unidos no caso para evitar novas deteriorações na relação com a China.
Na manhã de terça-feira, ele escreveu em sua conta no Twitter que "conversas muito produtivas" estavam acontecendo com o rival. Mais tarde, o país asiático concordou em reduzir as tarifas sobre automóveis importados do país a 15%.
Na cúpula do G20, que ocorreu na semana passada na Argentina, Xi Jinping e Donald Trump acertaram um cessar-fogo, adiando o aumento nas tarifas impostas a US$ 200 bilhões (R$ 771 bilhões) de bens chineses de 10% para 25%, planejado para 1º de janeiro.
Com agências internacionais
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