Paulo Guedes reúne articuladores políticos e técnicos em equipe

Relator da reforma trabalhista irá comandar Previdência e promete mudanças no 1º semestre

Mariana Carneiro
Brasília

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou nesta terça-feira (11) que o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) será o secretário especial da Previdência em sua gestão.

Dessa maneira, ele fecha o esqueleto central de seu superministério, que reunirá atribuições hoje dispersas em quatro pastas: Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio Exterior, além de duas secretarias do Ministério do Trabalho.

Pelo que já foi confirmado até o momento, Guedes terá seis secretários-gerais abaixo dele, além de um secretário-executivo (um número 2).

Ainda não está claro se a Secretaria Especial da Previdência ficará subordinada a um dos seis secretários-gerais ou se responderá diretamente a Guedes.

O time formado pelo ministro tem, em comum, o conhecimento de como funciona por dentro a máquina pública ou, no caso de Marinho, do Congresso Nacional.

O trânsito político é fator indispensável para o provável embaixador da proposta de reforma da Previdência na gestão Jair Bolsonaro (PSL).

Em nota, Marinho afirmou que irá se aprofundar no trabalho feito por técnicos "há algum tempo".

"Chegamos para trabalhar em equipe e aprovar uma reforma ainda no primeiro semestre de 2019, capaz de contribuir para o equilíbrio fiscal do país", afirmou.

Guedes selecionou nomes que já atuam no governo Michel Temer. Seu número dois, Marcelo Guaranys, é um dos principais assessores da Casa Civil, responsável pelo acompanhamento e análise de políticas públicas.

Waldery Rodrigues Júnior, secretário-geral da Fazenda, é hoje coordenador da Secretaria de Política Econômica e antes era consultor do Senado. 

Nesta terça, ele participou de reunião de transição com o atual titular do cargo, o ministro Eduardo Guardia (Fazenda). Ao chegar ao gabinete de transição, montado no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), ele afirmou que está recebendo as sugestões propostas pela atual equipe econômica de Michel Temer. 

A Fazenda organizou um material com o balanço de sua gestão e medidas que devem ser observadas no curto, médio e longo prazos.

"Serão considerados para análise", disse Waldery.

Ele confirmou também que Mansueto Almeida, atual secretário do Tesouro Nacional, permanecerá no cargo.

Um dos principais nomes da atual equipe, Mansueto foi um dos formuladores da regra que limita o aumento dos gastos do governo à inflação do ano anterior.

O mecanismo foi desenvolvido como uma forma de ajustar, gradativamente e ao longo de dez anos, as contas públicas, no vermelho desde 2014.

Para ser efetivo, porém, o teto depende da aprovação da reforma da Previdência, que tem como objetivo reduzir o ritmo de crescimento dos gastos com aposentadorias e pensões.

Waldery terá como adjunto o atual ministro do Planejamento, Esteves Colnago. Antes de assumir a pasta, neste ano, ele era secretário-executivo e também já havia auxiliado o ministro da Fazenda.

A Secretaria de Orçamento Federal, que hoje faz parte do Planejamento, será deslocada para a Secretaria da Fazenda, aproximando a elaboração do Orçamento de sua execução, operada pelo Tesouro.

Na secretaria-geral de Desburocratização, Gestão e Governo Digital (novo nome para o Planejamento),

Guedes escalou Paulo Uebel, ex-secretário de gestão de João Doria na prefeitura de São Paulo.
Na função, ele reorganizou a estrutura de funcionamento de secretarias e carreiras de servidores, o que deverá repetir no âmbito federal.

Na Secretaria de Produtividade e Competitividade, Guedes recrutou um ex-diretor do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social).

O economista Carlos da Costa articula a relação entre empresários e a equipe de Bolsonaro desde antes da eleição e se aproximou de lideranças da indústria.

A abertura comercial ganhou uma secretaria-geral própria, indicando a relevância que o tema terá na gestão Paulo Guedes. 

A secretaria-geral ganhou o nome de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais e será chefiada pelo ex-diplomata Marcos Troyjo, colunista da Folha e que até recentemente dirigia um laboratório dedicado ao estudo dos BRICs em Columbia, nos Estados Unidos.

Salim Mattar foi escalado para a secretaria-geral de Desestatização e Desimobilização do governo Bolsonaro. 

Empresário experiente, dono da Localiza, vai administrar a gestão de estatais que são dependentes do Tesouro Nacional e elencar possíveis privatizações.

No comando da Secretaria-Geral de Receita e Previdência, Guedes indicou o economista e especialista em tributação Marcos Cintra. 

Formulador da proposta de imposto único sobre transações financeiras, inicialmente ele comandaria também a Previdência, e deverá comandar a reforma tributária que será tocada pelo futuro governo.

O desenho original foi alterado, segundo pessoas da equipe de Guedes, porque o futuro ministro queria dar destaque à reforma da Previdência, depois que Bolsonaro, o filho Eduardo e o futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, colocaram em dúvida o avanço da reforma.

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